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Acrefi: desaceleração do crédito é natural

Por Carolina Ruhman
Atualização:

Após uma série de aumentos constantes no ritmo de concessão de crédito, a perspectiva é de estabilização, avalia o vice-presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Paulo Isola. "Eu acho natural o que está acontecendo e até bom para um mercado que está amadurecendo no crédito de uma maneira geral, e principalmente no crédito ao consumo", avalia Isola, que também é diretor do Bradesco. Segundo ele, a desaceleração do crédito está relacionada tanto a este amadurecimento na concessão do crédito quanto à política monetária. "Acho que essa reversão se deu na própria expectativa que nós tivemos com os índices inflacionários, que fizeram com que fosse interrompida a queda contínua da taxa de juros básica", afirma. Isola explica que o consumidor já aprendeu que a inflação pode reduzir sua renda e já antecipa este efeito em seus hábitos de consumo. Com relação à inadimplência para pessoa física, o executivo acredita que o aumento de 7,1% em abril para 7,3% em maio não foi significativo. Ele ressalta que os dados do BC são relativos a maio, mês tradicionalmente forte para o varejo por conta do Dia das Mães, "o segundo Natal". "Eu diria até que ela (a taxa de inadimplência) está com um comportamento até muito bom", afirma, acrescentando que o resultado é "prova desta maturidade e do alongamento de prazos". Em sua avaliação, o fato de o crédito estar desacelerando "é bem saudável" e esta situação pode ser inclusive favorável para o País, assim que a inflação for contida. "O crédito pode trazer benefícios, mas você tem que ter uma certa moderação", defende. Para Isola, o processo de alongamento dos prazos foi interrompido recentemente e não preocupa tanto quanto o uso excessivo do crédito. "O alongamento do prazo é até saudável. O problema é a utilização do crédito em muita escala", alerta. Ainda assim, ele avalia que o governo está atento e não acredita que seja necessária nenhuma medida para conter o crédito, por conta da auto-regulação do setor. "Os sinais que o próprio governo vem dando de preocupação já traduzem para a indústria uma forma bastante clara do que pode acontecer", explica, prevendo uma maior reflexão por parte da indústria de concessão de crédito.

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