PUBLICIDADE

Publicidade

Acrefi: execução de garantias é burocrática

O presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, afirmou que o aumento de garantias diminuiria o custo financeiro do crédito no Brasil. Para a Acrefi, o maior problema é a burocracia na execução de garantias, o que eleva o preço do crédito.

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, alertou ontem para a importância das garantias para o crescimento e barateamento do crédito no Brasil. Na sua avaliação, o devedor brasileiro tem "uma falsa proteção, pois o sistema acredita que está beneficiando o devedor, mas na verdade acaba o prejudicando". Ao não exigir garantias, a instituição financeira se protege cobrando juros mais altos. Ou seja: o devedor paga mais caro para ter o benefício de não oferecer garantias. Fraga lembrou que 90% do crédito brasileiro não tem garantias. Citando o caso do mercado norte-americano, onde os empréstimos são feitos com garantias, ele classificou o crédito brasileiro como "atrofiado". Para o presidente do BC, o ideal seria ter 10% do mercado brasileiro sem garantias e 90% com garantias, pois isso permitiria a queda dos juros e o aumento na procura por crédito. O presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Henrique Pereira Gomes, acredita que as garantias estão constituídas adequadamente, mas que a burocracia para retomar carros e imóveis que foram penhorados prejudica a oferta de crédito. "Há muitos entraves nos processos de execução de garantias de dívidas não pagas. Apenas com garantias mais facilmente executáveis é possível baixar os juros", afirma. Comportamento Gomes explica que, na hora de aprovar o crédito, o fator mais importante é o histórico de bom ou mal pagador do cliente. Depois disso, vêm as garantias complementares como, por exemplo, veículos ou imóveis. "A presença da garantia diminui o risco da instituição que empresta o dinheiro, que pode cobrar juros menores. Entretanto, a dificuldade na execução da garantia aumenta o custo final do empréstimo", esclarece o presidente da Acrefi. Segundo Gomes, no caso de imóveis e carros, os juros cobrados são menores porque o próprio bem é uma garantia do empréstimo. Quando o consumidor obtém crédito para comprar eletrodomésticos e bens não-duráveis (como roupas e sapatos), as taxas de juros são bem mais altas porque a garantia é praticamente inexistente. "Não se pode devolver uma roupa usada. Nesse caso, só o cadastro do cliente é considerado e, por isso, os juros são maiores."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.