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Acúmulo de reservas faz prejuízo do BC crescer para R$ 47,5 bilhões

Resultado negativo em 2007 foi 254% superior ao de 2006 por causa da desvalorização do dólar ante o real

Por Fernando Nakagawa e Renata Veríssimo
Atualização:

O Banco Central (BC) anunciou ontem que teve prejuízo de R$ 47,514 bilhões no ano passado, valor 254% maior que o de 2006. A perda é efeito da valorização do real, que elevou o custo da estratégia do BC de acumular reservas e reduzir as oscilações do dólar no mercado. O prejuízo será coberto pelo Tesouro Nacional. A perda total do BC com o câmbio somou R$ 55,595 bilhões. O balanço, aprovado ontem pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), mostra que o fortalecimento do real piorou as contas do BC. O prejuízo veio com as chamadas operações de swap e dos gastos com a acumulação e manutenção das reservas internacionais . Segundo o balanço, a despesa com esses dois itens foi 257% maior que em 2006. O BC, presidido por Henrique Meirelles, teve perdas com a valorização do real porque mantinha em carteira R$ 43,7 bilhões em contratos de swap cambial no fim do ano passado. Nesse tipo de contrato, o BC tem de pagar às instituições financeiras que compram o papel sempre que a valorização do real supera a taxa de juros do período. O BC ganha se a variação do juro for maior que a do câmbio. Essas operações são feitas para reduzir volatilidade cambial excessiva no mercado. Além disso, há o custo de manutenção das reservas internacionais, que ontem superaram os US$ 190 bilhões. Nesse caso, a perda ocorre porque esses recursos são mantidos em títulos normalmente denominados em dólar, que pagam juros menores que os praticados no Brasil. Com a desvalorização do dólar ante o real, esses ativos perdem valor relativo. Sem o efeito cambial, a autoridade monetária teria tido lucro de R$ 8,018 bilhões, mostra o balanço apresentado ontem. O prejuízo registrado pelo BC vai ser coberto integralmente pelo Tesouro Nacional até o décimo dia útil de janeiro de 2009. Para isso, o Tesouro deve emitir novos títulos, que serão incorporados à dívida pública. É o chamado custo fiscal da acumulação de reservas, que é freqüentemente criticado por economistas que avaliam que o nível das reservas já estaria elevado demais. O BC, entretanto, argumenta que o custo compensa, já que as reservas funcionam como um ''''seguro'''' para a economia brasileira enfrentar as turbulências internacionais. ''''Os swaps cambiais e o carregamento, em seu ativo, dos recursos que compõem as reservas internacionais geram resultado negativo para o BC'''', cita comunicado distribuído pelo o banco. O texto pondera, contudo, que o aumento das reservas internacionais ''''tem como objetivo reforçar a capacidade do Brasil de resistir a choques externos''''. Para a direção do Banco Central, a recente evolução da economia brasileira tem demonstrado ''''o acerto da política de ampliação das reservas''''.

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