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Adiada decisão sobre plano de recuperação da Vasp

Os credores decidiram adiar a votação do plano de reestruturação da empresa para 20 de junho

Por Agencia Estado
Atualização:

Os representantes de credores da Vasp reuniram-se hoje pela manhã para assembléia na sede da empresa, em São Paulo, e decidiram adiar a votação do plano de reestruturação da empresa para 20 de junho. O plano de recuperação judicial prevê a separação da empresa em duas partes: uma operacional e outra para administrar os ativos e dívidas. Esses ativos serão reunidos em Fundos de Investimentos e Participações (FIPs). Os credores poderão trocar dívidas por quotas dos fundos, que incluirão ativos como imóveis, créditos e recebíveis, conforme projeto da consultoria Tendências e do escritório de advocacia Wald & Associados. O Banif foi indicado para liderar a administração dos novos fundos de investidores previstos no plano. Depois de ouvir essa proposta, advogados da Petrobras pediram a interrupção da assembléia para analisar as condições. No dia 20, os credores deverão decidir se aceitam a participação do Banif e a criação dos fundos. "Tenho certeza que o plano será aprovado", disse o presidente da comissão interventora da Vasp, Raul Medeiros. Segundo ele, o plano será submetido à avaliação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Para Medeiros, o patrimônio da empresa gira em torno de R$ 6 bilhões, entre ativos tangíveis e intangíveis e há investidores nacionais interessados em apostar no retorno da companhia. Ele afirmou que não está previsto qualquer pedido de apoio ao BNDES. Otimismo A presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), Graziella Baggio, disse estar otimista em relação à aprovação do plano de recuperação no dia 20. Segundo ela, o projeto é feito com menos desgaste do que o da Varig, já que a Vasp não está mais no mercado. Ela estima que o passivo trabalhista da companhia aérea seja de R$ 400 milhões. Para Graziella, que foi aeromoça da própria Vasp, os credores deverão fazer acordo desde que esteja afastada a participação do ex-presidente da companhia e acionista majoritário, Wagner Canhedo. Ele deixou a administração após a entrada dos interventores judiciais e tem os bens indisponíveis. "É preciso descartar a participação de Canhedo para que o processo tenha credibilidade", declarou a sindicalista. De acordo com ela, o patrimônio da Vasp inclui centenas de imóveis, aviões e peças e uma marca forte especialmente nas regiões Norte e Nordeste. Dívida Sem voar desde janeiro de 2005, a Vasp está no centro de uma disputa bilionária. Um estudo que acaba de ser concluído calcula em R$ 6,48 bilhões o patrimônio da empresa, entre prédios, aviões e ações que correm na Justiça e que podem ter decisão favorável à empresa. O tamanho da dívida da empresa ainda é motivo de grande discussão. Enquanto a Vasp reconhece que deve R$ 3 bilhões, pela conta dos credores o rombo chega a R$ 5 bilhões. "O patrimônio líquido é positivo e a companhia tem ativos suficientes para saldar suas dívidas", afirma Medeiros. "É uma situação econômica melhor do que a da Varig, que além de tudo perde dinheiro a cada dia." Operação Caso a empresa consiga aprovar o plano de recuperação, o passo seguinte será buscar investidores para dar início a retomada das atividades. A empresa quer voltar a transportar passageiros e carga até o final do primeiro trimestre do ano que vem. A intenção é montar uma frota de 10 a 12 aeronaves até o fim do primeiro ano. Quanto de investimento seria necessário para tanto, Medeiros não revela. "É prematuro, depende de uma série de variáveis, como tipo de aeronave, por exemplo." A empresa terá de fazer um investimento importante em marketing, para resgatar sua imagem. "Claro que teremos que investir em imagem. Mas o desgaste maior está concentrado no Sudeste, em São Paulo. No Nordeste e no Norte a empresa ainda tem uma imagem muito boa", afirma Medeiros. Hoje a Vasp conta com 380 funcionários e mantém uma operação mínima de prestação de serviços de manutenção para terceiros. A empresa tem um contrato com a BRA e negocia outro com a V-Log, ex-subsidiária de cargas da Varig. Outra fonte de receita são aluguéis de imóveis, que estão espalhados por todo o País. Este texto foi atualizado às 16h15, com inclusão de informações

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