PUBLICIDADE

Publicidade

Adiamento de depoimento de Roberto Teixeira agrada governo

Decisão ajuda governo, que se esforça para enterrar caso Varig, mas contraria expectativa de advogado

Por Cida Fontes
Atualização:

O governo tentou criar condições para que não fosse realizado o depoimento do advogado Roberto Teixeira na Comissão de Infra-estrutura do Senado, mas foi a oposição que formalmente o impediu de falar ao colegiado. A decisão contrariou a expectativa do advogado, que estava pronto para falar aos senadores, mas agradou ao governo, que atua para enterrar o caso Varig.   Veja também: Depoimento de Roberto Teixeira sobre caso Varig é adiado Entenda as denúncias contra a venda da Varig  Veja os principais pontos do depoimento de Denise Abreu Leia a reportagem do Estado que revelou o caso Varig    A proposta de adiar o depoimento partiu do DEM, por iniciativa do líder do partido, senador José Agripino (RN). "Ele iria dizer o que quisesse e não haveria como contradizer suas versões", disse o senador. Teixeira estava realmente preparado para prestar esclarecimentos e, sobretudo, tentar convencer a oposição de que as acusações contra ele não tinham fundamento. Além de uma mala preta cheia de processos e documentos, o advogado usaria o Power Point para ilustrar sua exposição.   Antes de deixar o Senado, sua assessoria distribuiu aos jornalistas uma pasta com a cronologia do caso Varig, que faria parte de seu depoimento. Em sua defesa, ele nega que teria obtido apoio político para atuar como advogado no processo, afirmando que tudo teria sido feito "rigorosamente dentro da lei", cumprindo todos as regras jurídicas e judiciais.   É esse também o discurso do governo que, através do líder no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), procurou limitar o caso Varig a uma disputa comercial e empresarial e desvincular qualquer ingerência do Planalto em favor de Teixeira. Enquanto aguardava a audiência pública na ante-sala da comissão, o advogado recebeu a visita de Romero Jucá que tentou convencê-lo a ir embora do Senado. Na avaliação de governistas, se Roberto Teixeira concordasse, o governo ficaria mais tranqüilo e o assunto ficava em banho-maria.   Mais preocupado em se livrar das acusações e limpar a imagem de seu escritório em São Paulo, Roberto Teixeira não atendeu ao pedido de Jucá. Todo o roteiro estava a seu favor. Como os outros três convidados - Audi, Marcos Haftel e Luiz Eduardo Gallo - não compareceram alegando que tinham compromissos na capital paulista, o advogado estaria sozinho na audiência, como havia solicitado na véspera à comissão. Ou seja: longe de Audi que contou à imprensa que ele teria recebido milhões na operação de venda da Varig.   "Esses milhões ele desviou para suas empresas e para seus amigos. Terá de devolvê-los", afirmou Teixeira no texto distribuído aos jornalistas.   Antes do adiamento, algumas notícias circularam na Comissão e chegaram à ante-sala onde Roberto Teixeira esperava pela audiência. Uma delas é que Audi estaria chegando e que o presidente da Comissão de Infra-estrutura, senador Marconi Perillo (PSDB-GO), faria uma acareação entre os dois. Mas isso não foi confirmado pela assessoria do senador.   Outra informação é de que os três empresários não disseram a verdade à Comissão quando alegaram compromissos no Tribunal de Justiça de São Paulo no mesmo horário da sessão. Marconi Perillo disse que irá apurar o boato.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.