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Repórter especial de economia em Brasília

Apoio à reeleição de Bolsonaro tem se manifestado em reuniões fechadas de lideranças empresariais 

Mesmo com inflação alta, esses empresários citam gráficos preparados pelo Ministério da Economia que mostram que o governo vai terminar o mandato com redução de despesas

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Por Adriana Fernandes
Atualização:

No escurinho do cinema, parte do empresariado nacional, que não é apenas do grupo bolsonarista-raiz, já está “comprada” nas eleições deste ano na aposta do governo de que a economia está melhor, emprego voltando, o crédito em alta e as despesas públicas controladas. Renovam a crença de que mudanças estruturais virão num eventual segundo mandato do presidente Jair Bolsonaro.

O apoio à reeleição é ainda envergonhado. Tem se manifestado, porém, de forma explícita e implícita nas rodadas de reuniões fechadas de lideranças empresariais, segundo relatos coletados pela coluna. 

Para esses grupos, ataques ao STF e ao processo eleitoral são classificados como 'excessos' de Bolsonaro; não se importam com retrocessos no combate ao desmatamento, educação, cultura. Foto: Wilton Junior/Estadão

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Não vem só do agronegócio (reduto mais tradicional do bolsonarismo), mas também de grupos empresariais dos setores de serviços e da indústria beneficiados pelo poder da caneta frenética do presidente neste ano de eleições.

O setor dos pequenos negócios também está cada vez mais próximo com a rodada de linhas de crédito da pandemia, renovadas agora com injeção de crédito que pode chegar a R$ 90 bilhões.

É, portanto, um apoio mais amplo que não vem apenas do empresariado tradicionalmente anti-Lula, que nunca votou e nunca votará no petista. Essa aproximação diz menos sobre o que os empresários não estão ouvindo de Lula (e gostariam), e mais em relação ao que eles estão ouvindo dos gabinetes de Brasília.

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Para esses grupos, os ataques mais recentes do presidente ao STF, ao processo eleitoral democrático, são classificados como excessos de Bolsonaro, sempre com a ressalva de que as instituições continuam funcionando. Passam pano. Não há preocupação com o desgaste das instituições e nem com a captura do Orçamento para a compra de votos. Não se importam com os retrocessos no combate ao desmatamento, educação, cultura.

Mesmo com inflação alta, esses empresários olham para os dados econômicos e citam gráficos preparados pelo Ministério da Economia que mostram que o governo deixará o menor gasto com pessoal e encargos das últimas décadas e vai terminar o mandato com redução de despesas.

Embora sustentado por muitas medidas extraordinárias, temporárias e também pelo efeito da inflação na arrecadação, esse ponto de vista foi abraçado por esses empresários sem levar em conta que esse quadro pode ser facilmente alterado depois, principalmente com a herança da fatura das medidas eleitoreiras para além de 2023. Antes que sintam falta, um esclarecimento: aqui o objetivo não é falar da oposição, mas sim da sedução que os números sob Bolsonaro começam a gerar sobre esses empresários. 

*REPÓRTER ESPECIAL DE ECONOMIA EM BRASÍLIA 

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