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Repórter especial de economia em Brasília

Centrão tomou as rédeas da política econômica do governo Bolsonaro, mas está sem rumo

Os últimos dias mostraram que os comandantes do Congresso ficaram perdidos com a articulação que vem sendo costurada para derrubar a PEC dos precatórios

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Por Adriana Fernandes
Atualização:

Ao menos, esperava-se mais “profissionalismo” dos caciques do Centrão na condução da política econômica do governo Jair Bolsonaro.

Eles tomaram as rédeas do comando da economia, mas estão desorganizados, sem rumo certo e atirando para todos os lados. Tem faltado planejamento. É verdade.

O último depósito do auxílio emergencial ocorre no domingo, e os governistas não entregaram ainda uma solução para o programa social como prometeram, aumentando as incertezas sobre o futuro de quem recebe o benefício.

PEC dos precatórios foi aprovada em primeiro turno com 312 votos na Câmara. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados - 27/10/2021

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Os últimos dias mostraram que os comandantes do Congresso ficaram perdidos com a articulação política que vem sendo costurada para derrubar a PEC dos precatórios na votação da Câmara.

Se essa articulação falhar e a PEC for aprovada na próxima quarta-feira, as lideranças do Centrão enfrentarão problemas também no Senado.

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A Casa se transformou num depósito de projetos mal feitos enviados na Câmara com aval do candidatíssimo à cadeira de Bolsonaro, o seu presidente Rodrigo Pacheco.

Sem votos ainda para aprovar a PEC – tábua de salvação para mais emendas parlamentares e o Auxílio Brasil (sucessor do Bolsa Família) de R$ 400 – o Centrão fala, nos bastidores, em prorrogação do auxílio emergencial lançando mão do estado de calamidade. Em público, seguem abraçados à PEC.

O quarteto Arthur Lira-Ciro Nogueira-João Roma-Ricardo Barros foi mesmo surpreendido pela mobilização e tem até quarta-feira para buscar uma saída.

Defensores de um programa social robusto e bem desenhado, os partidos de oposição estão (até o momento) unidos contra a PEC. Movimento que o Centrão não contava por conta do apelo social da necessidade urgente do lançamento turbinado do programa social. 

Esse posicionamento da esquerda fez os outros partidos se reposicionarem, como o MDB e Cidadania. O PSDB rachou, e o Novo votou contra.

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Os deputados passaram a olhar perplexos com a possibilidade de votar a favor de uma PEC que desmonta o teto de gastos, deixando a política econômica com a âncora fiscal à deriva.

Muitos deles temem ser apontados como os responsáveis pelo teto de gastos, enquanto os partidos de esquerda fecharam posição contra a PEC e a mudança na forma de pagamento dos precatórios, que pode levar a uma bola de neve com a pedalada das despesas. 

Sob nova direção, o time que cuida da gestão fiscal-orçamentária (Esteves Colnago e Paulo Valle) tenta retomar novamente as rédeas e a resistência. Mas o espaço já foi tomado.

*REPÓRTER ESPECIAL DE ECONOMIA EM BRASÍLIA

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