O mercado dificilmente verá a oscilação do volume financeiro de ADRs (American Depositary Receipt - recibos de ações de empresas brasileiras negociados nos Estados Unidos ) se descolar do comportamento das ações das empresas no Brasil. Apesar de serem suscetíveis também a outros fatores, os recibos de companhias brasileiras tendem a seguir o giro nacional. Segundo pesquisa da Economática, a queda de 61,91% no volume negociado com ADRs em fevereiro deste ano, na comparação com igual mês de 2000, também foi sentida no âmbito interno. O recuo do giro nacional, com os mesmos papéis analisados, foi de 56,51%, para US$ 3,507 bilhões. O banco de dados avaliou os papéis de 32 empresas. "A negociação externa reflete o mercado acionário local que, por sua vez, sofre quando alguma percepção de risco está mais forte", comentou o diretor de ADR do Citibank, Orlando Vizcardi. "A arbitragem entre os dois mercados também faz com que eles não caminhem em direções opostas", completou. A queda maior nos Estados Unidos também pode ser explicada pelo tipo de investidor que atua em cada país. No Brasil, há a mistura do nacional e do estrangeiro, o que contribui para minimizar perdas por choques globais, explicou o vice-presidente do Brascan, Luiz Ildefonso. "O investidor externo vive outras condicionantes em seu país", explicou. Um exemplo seria a alta volatilidade de cotações que vem sendo presenciada, por exemplo, pela Nasdaq, a bolsa norte-americana de tecnologia. Outro ponto registrado por Ildefonso é a composição das carteiras desses investidores. "Quem tem ADR não tem só isso. A maior parte dos recursos está nos Estados Unidos", observou. Segundo ele, se há perda no próprio país, dificilmente o envolvido manterá a mesma posição em ADRs.