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AE traz reportagens especiais sobre o Setembro Negro de 1982

Por Agencia Estado
Atualização:

Vinte anos depois do Setembro Negro de 1982, quase esquecido em meio às muitas turbulências da economia mundial, os especialistas não hesitam em afirmar que se enfrentou naquele período a maior crise sistêmica já experimentada pela comunidade financeira internacional. ?Foi uma crise gigantesca, quebrou tudo?, atesta o ex-ministro Delfim Netto, um dos protagonistas da história. Em uma série de reportagens especiais, a Agência Estado mostra um amplo levantamento sobre os acontecimentos do Setembro Negro, e traz reflexões e análises dos principais personagens que viveram esse período no Brasil. Por fim, este especial buscam avaliar a herança do FMI na economia brasileira e confrontá-la com o momento atual do País. México precipitou a crise A crise começou no final de agosto de 1982, com a surpreendente decisão do governo do México de decretar a moratória da dívida externa do país. Imediatamente, cresceu a tensão no mercado financeiro, já em alerta pela projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI) de que mais de um terço dos US$ 700 bilhões emprestados aos países emergentes podiam ser considerados créditos potencialmente duvidosos. Mas foi somente no começo de setembro que a crise se impôs por inteiro ao mundo. O gesto mexicano assustou os investidores internacionais e as linhas de crédito, até então disponíveis em abundância, secaram. Uma dezena de países abriu negociações com o FMI. As expectativas voltaram-se, então, para a reunião anual do Fundo, que aconteceria ainda naquele mês em Toronto, no Canadá. Os países endividados ainda apostavam numa ajuda de última hora. A saída imaginada na época era um aporte expressivo de recursos das nações desenvolvidas para a criação de um fundo de emergência do FMI. As esperanças terminaram quando o então secretário do Tesouro americano Donald Regan deixou claro que o problema era dos devedores. ?Danem-se?, foi a tradução aproximada, corrente na época, da reação de Regan. No final do mesmo mês de setembro de 1982, o número de países que recorreram ao Fundo Monetário Internacional em busca de socorro subiu a mais de 40. Sem dinheiro ou crédito, os países periféricos sucumbiram quase simultaneamente ? latino-americanos, africanos e do Leste Europeu. Naqueles dramáticos dias de setembro, o Brasil também já estava virtualmente quebrado. Mas a equipe econômica do governo de João Baptista Figueiredo, que encerraria o ciclo do regime militar no País, fez toda sorte de malabarismos para evitar a abertura oficial das negociações com o FMI antes das eleições de 15 de novembro de 1982. O governo contentava-se em pelo menos reduzir o tamanho da derrota eleitoral que já se antevia. Assim que as urnas se fecharam, foi anunciada a abertura da temporada de negociações com o Fundo Monetário. Com reservas internacionais negativas de mais de US$ 3 bilhões, o Brasil voltava ao FMI após um intervalo de 15 anos. Antes, de l949 a 1967, o País já havia reccorido uma dezena de vezes aos empréstimos da instituição. Mas foi nestes últimos 20 anos que o FMI se tornaria presença constante, e quase ininterrupta, na vida econômica brasileira. Neste período, foram assinadas nada menos do que 13 cartas de intenção e somente o ex-presidente Itamar Franco escapou da convivência com os técnicos do Fundo nos gabinetes em Brasília. Veja o especial Setembro Negro

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