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Agência alerta para pressão no preço do petróleo

Desde 2004 a projeção de consumo mundial do produto já foi elevada em 310 mil barris diários. Com isso, relação entre oferta e demanda está apertada

Por Agencia Estado
Atualização:

A Agência Internacional de Energia (AIE) informou nesta quarta-feira que sua projeção de consumo mundial de petróleo, desde 2004, foi elevada em 310 mil barris diários, o que significou um acréscimo de 3,8% para 4% no período. Com os dados, o órgão alertou que a apertada relação entre a oferta e a demanda, além de problemas na produção de alguns países, deverão manter os preços sob pressão, pelo menos no curto prazo. "Esse ajuste não veio da China, que registrou um boom na demanda desde 2004, mas em outras áreas chaves de crescimento naquele ano: os países do Oriente Médio e na região do Pacífico asiático", disse a AIE em seu relatório mensal. A agência manteve sua estimativa para o aumento do consumo em 2006 em 1,8%. "O fato desse número permanecer próximo à tendência de longo prazo do crescimento global no consumo de petróleo é uma prova do atual vigor da economia global", afirmou. Consumo mundial poderia ser maior Ainda, segundo a agência, sem os atuais preços elevados do petróleo, o consumo mundial da commodity seria sem dúvida "muito maior". Entretanto, a entidade que congrega 26 países e está sediada em Paris, observou que os efeitos dos preços sobre o consumo representam apenas um fator com impacto no mercado. Em alguns países produtores, os lucros recordes das empresas petrolíferas geraram a elevação de impostos pagos por elas e a renegociação dos tributos cobrados dos campos petrolíferos. "Isso, por sua vez, ameaça reduzir o investimento, perpetuando assim a espiral nos preços", disse a AIE. Além disso, acrescentou, "as atuais perdas na produção da Nigéria e as preocupações com o Iraque não deverão ser resolvidas no futuro próximo". Pressão A agência observou que os preços são pressionados também pelo aperto na relação entre a oferta e a demanda no curto prazo. As refinarias intensificaram suas compras de petróleo cru em preparação para o fim de sua temporada de manutenção. Mas, ao mesmo tempo, essa fase de manutenção do setor de refino e uma série de problemas não previstos gerou uma forte queda dos estoques dos derivados nos Estados Unidos e elevados preços para a gasolina. "Mas esses mesmos fatores poderão, na verdade, aliviar as pressões altistas no futuro", disse. "O mercado de curto prazo de gasolina está apertado, mas o pendente retorno das refinarias dos Estados Unidos do período de manutenção e o reinício - em meados de maio - da capacidade de refino da Costa do Golfo, que foi afetada pelos furações, contribuem para preços futuros mais baixos no mercado de futuros de Nova York." Mas a AIE afirmou que, por enquanto, qualquer interrupção real ou potencial na oferta de petróleo ou a queda dos estoques de derivados dos Estados Unidos estão determinando a alta nos preços. "O primeiro trimestre foi particularmente apertado, com a demanda sobre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) oscilando entre 700 mil e 1 milhão de barris diários acima da produção da Opep"", disse. "Embora a perspectiva de melhora na oferta de derivados e um crescimento menor no consumo ofereçam alguma esperança, o mercado está se concentrando no presente ao invés do futuro", disse. Brasil Enquanto a AIE ressalta que a produção de petróleo e a demanda não andam no mesmo nível, a agência espera que a produção brasileira cresça 185 mil barris diários em 2006. O aumento é maior do que o registrado no ano passado, quando foram produzidos 155 mil barris a mais por dia. Com isso, a média diária da produção petrolífera do País será de 1,82 milhão de barris neste ano. Segundo a agência, os projetos de exploração dos campos de Golfinho, Albacora Leste, Marlim Leste, Jubarte e Piranema serão os principais responsáveis pelo aumento.

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