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Agência Fitch rebaixa a classificação do Brasil

Segundo a Fitch, o Brasil só poderá retomar a sustentabilidade de sua dívida se o futuro presidente agir rapidamente para estabilizar a sua credibilidade, fazendo indicações saudáveis para os principais postos econômicos e reafirmando seu compromisso com políticas e reformas macroeconômicas prudentes.

Por Agencia Estado
Atualização:

A agência de classificação de risco Fitch Ratings anunciou hoje que rebaixou a classificação de longo prazo do Brasil em moedas local e estrangeira de "B+" para "B". A perspectiva para a classificação é negativa, o que implica a possibilidade de novos rebaixamentos. A agência atribuiu a decisão à piora dos fundamentos de crédito do Brasil gerada pelas persistentes incertezas sobre a continuidade das diretrizes econômicas e da sustentabilidade da dívida como resultado da transição política em andamento. A Fitch prevê que a proporção dívida geral do governo poderá se aproximar de 90% do PIB até o fim do ano, na comparação com uma proporção de 75% no início do ano. Na previsão da agência de risco, o endividamento público líquido poderá subir dez pontos porcentuais para 65% do PIB. A Fitch alertou que o governo poderá ter de elevar a meta para o superávit primário de 3,75% do PIB para algo em torno de 4,5%-5,0%, como parte de seus esforços para escorar a confiança dos investidores sobre a dinâmica da dívida pública. A agência destacou que esse aperto fiscal em um cenário de economia estagnada incorre em riscos políticos e econômicos, que gerarão um desafio para a futura administração. A Fitch, entretanto, considerou encorajadores os comentários recentes de líderes dos principais partidos políticos em relação à manutenção e aperto das atuais metas de política macroeconômica. O comunicado da Fitch observou ainda que o enfraquecimento do real, somado ao aumento da proporção dívida/PIB, ampliaram as pressões inflacionárias. A Fitch previu que o endividamento total do governo poderá subir para 88,5% do PIB neste ano, de 75% em 2001, caso a cotação do dólar fique ao redor de R$ 3,87. Nessas condições, o país terá de elevar o superávit primário para 4,5%-5% do PIB para promover um ciclo virtuoso de fortalecimento da moeda, taxas de juros mais baixas e a convergência da relação dívida/PIB para perto de 80% em 2006. A Fitch destacou que alcançar essas metas deverá ser politicamente difícil para a futura administração e poderá aprofundar as condições recessivas. Além disso, o fortalecimento do real deve ser contido pelas pesadas necessidades de financiamento externo do Brasil, estimada em aproximadamente US$ 40 bilhões para o próximo ano. Futuro presidente deverá agir rapidamente Segundo a Fitch, o Brasil só poderá retomar a sustentabilidade de sua dívida se o futuro presidente agir rapidamente para estabilizar a sua credibilidade, fazendo indicações saudáveis para os principais postos econômicos e reafirmando seu compromisso com políticas e reformas macroeconômicas prudentes. A Fitch também destacou a necessidade de o futuro presidente angariar uma coalizão eficiente no Congresso. A agência alertou que, dada a sensibilidade da dinâmica da dívida pública do Brasil e o sentimento em relação ao balanço de pagamentos do país, o timing para estabelecer essa credibilidade é curto. A agência informou que poderá reverter a perspectiva do País para estável se a credibilidade do novo governo com os mercados de capitais foi estabelecida de maneira durável. Além dos fatores políticos e de diretrizes econômicas, a Fitch informou que vai continuar monitorando os leilões de dívida doméstica, o grau de fluxo de capital e o desejo das instituições financeiras internacionais em restabelecer as linhas de crédito para os tomadores brasileiros após a eleição. As informações são da Dow Jones.

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