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Agência recomenda cautela com Bovespa

Merrill Lynch recomenda a investidores postura defensiva para Bovespa no início de 2003. Bolsas do México e Peru seriam mais atrativas.

Por Agencia Estado
Atualização:

O estrategista-chefe de bolsas para América Latina da Merrill Lynch, Robert Berges, recomenda aos investidores a adoção de uma estratégia defensiva em relação à Bovespa para o início de 2003, preferindo aplicar em ações de empresas exportadoras, como Embraer, Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e Aracruz, e se distanciando de setores regulados pelo governo, como o setor elétrico e de petróleo. "É preferível aplicar em empresas, mais do que em setores, que tenham boa capacidade de geração de caixa para permitir cumprir com suas obrigações financeiras de dívidas, ou que tenham acesso a financiamento para tanto", explicou Berges, durante o seminário Mercado de Ações da América Latina: Existem Novas Oportunidades?. Mesmo considerando que o Brasil é um dos mercados mais baratos na América Latina em termos de valuation (indicadores de valor de uma ação), Berges ressalta que a Bovespa registra ainda um nível de correlação bastante elevado com a Nasdaq e com a aversão ao risco global por parte dos investidores. "Uma avaliação do desempenho da Bovespa e da Nasdaq mostra que as duas bolsas caminham paralelamente, não porque a Bovespa tem muitas ações de tecnologia, mas mais por conta do reflexo da falta de apetite para risco dos investidores", afirmou Berges. De acordo com Berges, há países latino-americanos cujas bolsas não estão baratas, como México e Peru, mas que são mais atrativos do que a Bovespa se levado em conta o retorno ajustado ao risco. Nesse caso, segundo ele, o potencial de alta da bolsa mexicana levando-se em conta o retorno ajustado ao risco é de 32,8% em doze meses a partir de 15 de novembro. O potencial de alta da bolsa brasileira é de apenas 0,3%, ou seja, quase nulo. Para Berges, é possível a Bovespa conseguir se descolar da Nasdaq, desde que o presidente-eleito Luiz Inacio Lula da Silva adote as medidas corretas em termos de política econômica, tais como a indicação de uma equipe econômica respeitada, a manutenção da austeridade fiscal, a aprovação de uma agenda de reformas, entre outras. "Ainda nos mantemos relativamente otimistas em relação ao Brasil, embora no curto prazo permanecemos cautelosos, preferindo uma postura defensiva", explicou Berges. Ele acredita que o período inicial de governo Lula seja bastante difícil até em razão do cenário global, com riscos de guerra contra o Iraque (a Merrill Lynch aposta num conflito em algum momento no primeiro trimestre de 2003) e relutância de corporações de fazer investimentos etc. Dentro da sua estratégia defensiva para o início de 2003, que privilegia o setor exportador, Berges acredita que no âmbito de empresas voltadas para o mercado doméstico, a preferência recai sobre ações de setores não regulados pelo governo, como o de bebidas e o de varejo. No que toca a ações com elevado beta, o estrategista da Merrill Lynch considera que as ações de telecomunicações e do setor bancário vão refletir melhor o sentimento do País.

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