A estudante Aline Delavy teve de ler o movimento do mercado para agir. Assim como um investidor, aproveitou o período de baixa e comprou. Mas, em vez de ações, adquiriu um pacote de viagem na sexta-feira, quando o dólar caiu 3,5%. Em novembro, vai pela primeira vez aos Estados Unidos. "No sábado anterior, a cotação do dólar na agência era de R$ 2,19; na sexta-feira, caiu para R$ 2,14. Comprei com medo de novas altas."
A variação cambial deixou o brasileiro mais cauteloso para viajar. Aline, por exemplo, vinha pesquisando desde janeiro. Na semana passada, a última antes do início das férias de julho, as empresas ofereciam descontos agressivos, de até 70%, para atrair o cliente. As vendas de pacotes não caíram em relação a 2011, mas a expectativa era que a procura estivesse acima do verificado atualmente.
No ano, a moeda brasileira já perdeu 7,5% em relação ao dólar – em 12 meses, a queda foi de 28,11%. "Muitas operadoras achavam que as vendas iriam estourar. Em alguns lugares, foram feitas reservas demais pelas operadoras, principalmente para destinos no Caribe", diz Leonel Rossi, vice-presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav).
No primeiro trimestre, a alta na procura por viagens foi de 12%, diz a Abav. "Para não perder o que já foi reservado, as operadoras diminuem o preço. É a lei de oferta e procura, e isso é bom para aquele cliente que quer viajar", afirma Rossi.
A pesquisa mensal Sondagem do Consumidor, do Ministério do Turismo, confirma o pé atrás do brasileiro. Realizado em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o levantamento aponta que a intenção de viagem deste ano está num nível abaixo do que foi verificado em 2011. Em maio, por exemplo, 27,7% dos brasileiros entrevistados queriam viajar. O resultado é três pontos porcentuais mais baixo do que o verificado no mesmo mês do ano passado.
Na busca por consumidores, a CVC mantém até quinta-feira uma promoção com gratuidade para segundo passageiro ou descontos de até R$ 800 em destinos nacionais e de até 35% para destinos internacionais. A empresa diz que as vendas cresceram 16% para destinos internacionais ante o mesmo período de 2011; a busca por viagens nacionais aumentou 10%.
A Fly Tour Viagens – que começou a operar em maio – oferece 30% de desconto para alguns destinos internacionais.
De acordo com o vice-presidente da empresa, Claiton Armelin, a redução dos preços faz parte da estratégia da empresa para o início da operação.
"Com o aumento do dólar, o brasileiro está pensando um pouco mais. Esses descontos, porém, têm ajudado. Na última semana, houve um aquecimento forte do mercado", afirma.