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Agências pregam Brasil mais real na publicidade

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Por Redação
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Na tentativa de vender itens cada vez mais caros e que tragam uma sensação de inclusão à população, a publicidade brasileira acaba falando para um público restrito, que não representa verdadeiramente o Brasil. A intenção de buscar um diálogo com todas as audiências, em vez de focar somente na realidade das classes A e B, foi um conceito que permeou as palestras de ontem no Brazil Day do Cannes Lions - Festival Internacional de Criatividade.Segundo o presidente da JWT Brasil, Ezra Geld, as classes C e D querem melhorar de vida, ter acesso a novos produtos, mas isso não significa viver exatamente da mesma forma que os mais ricos, seguindo seus gostos e aspirações. Uma pesquisa citada por Geld mostra que somente 33% das pessoas que moram em favelas têm intenção de deixar os locais onde foram criadas. "Em Nova York, essa proporção é de 41%." Em 2013 e 2014, até a mais sagrada das apostas publicitárias - o futebol - mostrou-se um terreno arriscado. O vice-presidente de planejamento da Leo Burnett Tailor Made, Marcello Magalhães, lembrou a campanha "Vem pra Rua", da Fiat. Os movimentos sociais, ao adotarem o jingle da propaganda, acabaram modificando totalmente o sentido de uma peça publicitária criada apenas com a intenção de exaltar a Copa do Mundo e o futebol brasileiro.Outro debate social dos últimos meses citado durante as palestras foi o "rolezinho", movimento em que jovens marcavam grandes encontros nos shoppings centers por meio do Facebook. Houve também espaço para chamar a atenção para a emergência de novos estilos musicais extremamente populares, como o funk ostentação e o 'tecnobrega'.Funk. O painel da DM9DDB mostrou que, aos poucos, um "Brasil mais real" começa a pipocar, aqui e ali, em peças publicitárias. Os publicitários Laura Chiavone e Leo Macias mostraram que o funk vem sendo usado em campanhas da gigante holandesa C&A há dois anos. A empresa, aliás, já contratou também Gaby Amarantos, a "rainha" do tecnobrega, em comerciais. / F.S.

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