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Agricultores interditam rodovia federal

O protesto, denominado "Grito do Ipiranga", é contra a política econômica do governo

Por Agencia Estado
Atualização:

Agricultores de Mato Grosso voltaram a interditar nesta terça-feira a BR-163, uma das mais importantes rodovias federais para escoamento da produção, em quatro cidades, além de fechar cinco bancos em Sinop, Norte do Estado. O protesto, denominado "Grito do Ipiranga", é contra a política econômica do governo. A partir de Mato Grosso, um dos maiores produtores de grãos e pluma de algodão, os produtores rurais querem fazer mobilização em todo o País nos próximos dias. No protesto, os agricultores estão impedindo o transporte de cargas com grãos e insumos agrícolas nas rodovias federais do Estado. Eles usaram pneus e tratadores para formar barreiras e impedir o escoamento da produção agrícola. O presidente do Sindicato Rural de Sinop, Antônio Galvan, um dos coordenadores do movimento, afirmou que os bloqueios continuam por tempo indeterminado. Os bloqueios ocorrem nos municípios de Sinop, Ipiranga do Norte, Lucas do Rio Verde e Sorriso. Em Sinop, distante 500 quilômetros de Cuiabá, cinco agências bancárias dos bancos do Brasil, Bradesco, Unibanco e a cooperativa de crédito Sicredi foram fechadas nesta terça-feira. Na segunda-feira, a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) ingressou com ação civil pública para garantir que o valor mínimo pago ao produtor, conforme o Estatuto da Terra e legislação complementar, cubra os custos de produção e assegure uma rentabilidade de 30% aos agricultores. Preços defasados Segundo levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea), da Famato, todos os produtos agrícolas estão com os preços defasados. Soja, arroz, algodão e milho são culturas usadas como exemplos na ação judicial da entidade. O aviltamento do preço da soja é o que mais chama a atenção. Na ação, a Famato alegou que o custo de produção total por hectare, estimado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é de R$1.457,72. Portanto, o preço mínimo, considerando a lei 4.504/64, deveria ser de R$ 37,90 a saca, mas o valor fixado pelo governo é de apenas R$ 14,00 a saca de 60 kg. A diferença ou prejuízo que o agricultor tem que arcar é de R$ 23,90. Outra reclamação refere-se aos preços do milho e arroz. O custo total de produção de milho, calculado pela Conab, é de R$ 1.860,95 o hectare para um preço mínimo fixado em R$ 11,00 a saca - o valor deveria ser de R$ 24,19. Já o arroz, cotado a R$ 20,70 a saca, baseado na lei, teria que ser comercializado a R$ 30,02.

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