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Agricultores ocupam agência bancária na Argentina

Produtores pedem redução de juros de dívidas; setor está sendo afetado por forte seca.

Por Marcia Carmo
Atualização:

Cerca de 250 produtores rurais ocuparam nesta segunda-feira uma agência bancária na cidade de Hasenkamp, na província argentina de Entre Ríos, para pedir a redução de juros dos empréstimos que possuem e a reprogramação de suas dívidas. Eles argumentam que não têm dinheiro para pagar as parcelas, já que a seca castigou a produção e o setor tem sofrido com a suspensão das exportações, entre outras medidas do governo. "Só vamos sair daqui quando resolverem nossos problemas", disse o líder rural Alfredo de Angeli, da Federação Agrária de Entre Ríos. O protesto, em uma agência do Nuevo Banco de Entre Ríos, começou pela manhã e no fim da noite de segunda-feira já completava mais de onze horas de duração. "Acho que o setor privado ainda não percebeu que estamos em uma situação de emergência. Muitos produtores perderam toda a sua colheita e o banco continua cobrando os empréstimos com taxas de juros altíssimas", afirmou. De Angeli ficou conhecido no ano passado durante o conflito do setor com o governo da presidente Cristina Kirchner. Ele liderou manifestações durante os mais de 100 dias de locaute contra o aumento dos impostos às exportações que geraram desabastecimento, alta do dólar e crise política no governo. Depois de receberem um abaixo-assinado dos manifestantes nesta segunda-feira, diretores do banco pediram tempo para analisar a questão. Mas De Angeli reiterou que a ocupação da agência em Entre Ríos, espécie de capital do carnaval na Argentina, só será concluída quando houver uma resposta concreta. A ocupação ocorre um dia antes de uma reunião da ministra da Produção do governo de Cristina Kirchner, Debora Giorgi, com os representantes dos produtores rurais. O ministro do Interior, Florencio Randazzo, sinalizou que a ocupação da agência bancária poderia dificultar o diálogo. "Querem dinamitar o diálogo agendado entre a Mesa de Enlace (que reúne as entidades rurais) e a ministra da Produção. Essa é uma atitude violenta que não faz sentido e só pretende gerar incertezas na sociedade", disse, segundo a agência oficial Telam. Na última quinta-feira, os produtores rurais (reunidos na Mesa de Enlace) iniciaram a sexta rodada de protestos contra o governo, com a redução da venda de produtos agrícolas. Desta vez, eles não interromperam o trânsito e garantiram que o abastecimento interno não será afetado. No entanto, na sexta-feira, a manifestação que realizaram, no interior da província de Córdoba, reuniu menos agricultores do que esperavam. A disputa entre fazendeiros e governo começou há quase um ano, em março do ano passado. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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