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Agricultura familiar terá reforço de R$ 13 bi

Governo quer aumentar produção desse segmento na próxima safra para tentar frear inflação

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Por Adriana Fernandes e Fabiola Salvador
Atualização:

Responsável por dois terços da produção dos 150 produtos medidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a agricultura familiar ganhará reforço do governo na próxima safra para ajudar a frear a alta dos preços dos alimentos. Serão destinados R$ 13 bilhões no plano de safra para o financiamento do custeio e investimento do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e elevados preços mínimos dos principais produtos, como feijão, milho e arroz. O governo também vai recompor seus estoques para ajudar na administração dos preços ao longo do ano. A estratégia tem como meta garantir um aumento de 18 milhões de toneladas de produção até 2010, principalmente em leite, milho, feijão, arroz, mandioca, trigo, aves, café, frutas, arroz e cebola. Hoje, a agricultura familiar garante produção de 110,1 milhões de toneladas de alimentos, segundo dados do governo. Boa parte dos produtos ofertados pela agricultura familiar tem participação maior de 60% da produção nacional. De acordo com levantamento do Ministério do Desenvolvimento Agrário, ela responde por 56% do leite, 67% do feijão, 89% da mandioca, 70% de carne de frango, 49% do milho e 75% da cebola produzidos no País. No início de julho, o governo vai lançar o programa Mais Alimentos, com uma linha especial de crédito para a agricultura familiar melhorar a produtividade. A linha prevê financiamentos de até R$ 100 mil, com taxa de juros de 2% ao ano e prazo de pagamento de 10 anos. "Quanto maior a produção, menor a pressão de preços. Quem mais produz alimentos para o consumo interno do País é a agricultura familiar", afirmou o secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt. Segundo ele, a reestruturação das regras do Pronaf, anunciadas em abril, com redução das taxas de juros e simplificação das faixas de financiamento, faz parte da estratégia de aumento da produção. Para Bittencourt, o aumento dos preços mínimos dará maior confiança aos produtores para plantar, no caso de risco de os preços caírem no futuro. Segundo o secretário de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Adoniran Sanches Peraci, a recomposição dos estoques do governo também vai ajudar na regulação dos preços. "O Brasil não está sofrendo tanto com a alta do preço do arroz porque tem um estoque de 1,4 milhão de toneladas." O governo, que tinha reduzido os estoques oficiais de vários produtos, vai retomar essa política, principalmente com milho, arroz e até mesmo feijão, cuja armazenagem é bem menor. "Não podemos ser ingênuos de achar que vamos regular todo o mercado interno com os estoques. Os preços são internacionais e o processo inflacionário é mundial. Mas estoques ajudam", ponderou Peraci. O secretário assegurou que não faltarão recursos para o setor. Segundo ele, dos 4,5 milhões de estabelecimentos rurais do País, 4,1 milhões são de agricultura familiar. Mas só metade deles - chamado de a classe média da agricultura brasileira - sustenta a maior parte da produção da agricultura familiar. O restante é formado por produtores muito pobres. Para que a atividade produtiva seja considerada agricultura familiar, o produtor tem de ter até quatro módulos de terra. O tamanho do módulo muda em casa região do País. Em áreas do Sul, por exemplo, um módulo tem aproximadamente 22 hectares. Em outros lugares pode chegar a 100 hectares.

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