Publicidade

Agricultura vai pautar próxima reunião da OMC, diz Lampreia

Por Agencia Estado
Atualização:

A agricultura deverá pautar a próxima rodada de negociações da Organização Mundial de Comércio (OMC) no que depender do Brasil, mas vai enfrentar forte barreira da União Européia. O ex-ministro Luiz Felipe Lampreia, presidente do Conselho do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) disse que a agricultura será prioridade na negociação. "Vamos discutir agricultura, agricultura e agricultura. Não admitiremos que este item em que o País tem maior vantagem competitiva, não seja considerado fundamental na pauta", lembrando que o tema pode ser responsável por promover uma reação "imediata e imensa" na geração de empregos e renda no Brasil. Em sua palestra na abertura da Conferência Internacional "Brasil na Arquitetura Comercial Global", hoje no Rio, Lampreia cobrou uma postura mais eloqüente dos demais blocos sobre a questão agrícola. Ele afirmou que a União Européia ainda não apresentou proposta clara sobre o tema e que os Estados Unidos, apesar de terem uma proposta liberalizante, assumiram paradoxalmente uma postura contrária à redução dos subsídios com a nova lei aprovada no Congresso americano, que aumenta os recursos destinados à agricultura. "A questão agrícola é uma nuvem negra que paira sobre Doha e Genebra. É a área em que houve menos progresso e que faltam definições mais gritantes até aqui". Para ele, a União Européia foi a "principal omissão" nestas negociações. "A União Européia não está fazendo sua parte. Existem algumas reuniões bilaterais sendo organizadas, alguns pronunciamentos significativos vem sendo feitos e que poderiam apontar nova diretriz, mas a verdade é que ninguém convence a Europa de que ela tem que reduzir seus subsídios." Em contrapartida ao discurso de Lampreia, após ouvir várias críticas aos subsídios europeus à agricultura, o ex-diretor geral da Comissão Européia, Hans Beseler, e o embaixador da União Européia no Brasil, Rolf Timans, fizeram durante a Conferência um apelo para que o Brasil "pense" em outros setores da sua economia para levar à pauta de negociação. Timans observou que a Europa consome quase 50% dos produtos agrícolas exportados pelo Brasil. De acordo com ele "não é realista achar que a União Européia vai consumir todos os produtos agrícolas que o Brasil exportar". A argumentação foi contestada de imediato pela coordenadora da Unidade de Integração Internacional da Confederação Nacional da Indústria, Sandra Rios. Ela afirmou que se a Europa consome tantos produtos agrícolas brasileiros com subsídios, poderia importar muito mais caso não houvesse barreiras. Timans e Beseler lembraram ainda que os Estados Unidos consomem menos produtos agrícolas brasileiros que o bloco europeu. "Nunca esqueçam que vocês têm outros interesses e com vocês também algum dia a agricultura vai diminuir de importância", disse Beseler. Ele afirmou ainda que só esperar por uma proposta de agricultura no acordo que está sendo negociado não vai levar o Brasil a lugar nenhum. "Há 24 outras propostas na mesa."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.