Publicidade

Agronegócio familiar cresce 20 vezes mais que o PIB

Por Agencia Estado
Atualização:

No primeiro ano do governo Lula, o ritmo de crescimento de todas as riquezas produzidas pelo agronegócio familiar, do adubo colocado na terra ao alimento no prato do consumidor, foi quase o dobro do registrado pelo o que foi produzido pelo agronegócio patronal, e superou em cerca de 20 vezes o ritmo de avanço do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Os números constam da primeira etapa de um estudo que acaba de ser concluído pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (Fipe/USP) para o Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário (NEAD/MDA). O trabalho foi elaborado a partir de dados do último censo agrícola de 1995/96 do IBGE, atualizados até 2003 pela pesquisa agrícola anual do IBGE feita por município e produto agropecuário. Em 2003, o PIB do agronegócio familiar atingiu R$ 156,5 bilhões e cresceu 9,3% em relação ao ano anterior, descontada a inflação. Em igual período, o PIB do agronegócio patronal aumentou 5,1% em termos reais e o PIB do País teve uma acréscimo 0,5%. Entre 1996 e 2003, o agronegócio familiar também se destaca. A soma de todas as riquezas produzidas por esse segmento cresceu 20,5% em termos reais nesse período, enquanto o PIB patronal do agronegócio aumentou 16,8% e o PIB do País, 15,9%. O estudo mostra que a agricultura familiar responde por um terço do PIB do agronegócio total e 10% do PIB do País, apesar das dificuldades na liberação de crédito e a falta de assistência técnica. "A importância econômica do agronegócio familiar surpreendeu", afirma o coordenador do estudo e professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da USP, Joaquim Guilhoto. Pelos dados, ainda não é possível fazer inferências sobre as razões desse crescimento, observa o professor. Mas ele pondera que, nos dois últimos anos, o agronegócio passou por uma situação excepcional, com preços em alta no mercado internacional e interno do milho e da soja, e as empresas de agropecuária, incluindo as familiares, se beneficiaram desse cenário. O economista também lembra que a taxa expressiva de crescimento resulta, em parte, do fato de o agronegócio familiar movimentar cifras menores se comparadas às do agronegócio patronal. "Com isso, fica fácil crescer mais, quando a base de comparação é menor."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.