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Notícias do mundo do agronegócio

Agronegócio poupa mais com pandemia, diz Sicredi 

Incerteza quanto aos rumos da economia trazida pela pandemia de covid-19 não é o único motivo

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Por Coluna do Broadcast Agro
Atualização:

O Sicredi observa uma alta expressiva das “economias” de pequenos e médios produtores aplicadas no banco. Desde dezembro, os depósitos do setor aumentaram 64%, saindo de R$ 14 bilhões para R$ 23 bilhões em setembro. A incerteza quanto aos rumos da economia trazida pela pandemia de covid-19 não é o único motivo, diz à coluna Laís Horstmann de Souza, coordenadora de produtos financeiros. A educação financeira também tem sido um diferencial. “Os gerentes de negócios do banco vêm conversando mais sobre a importância de investir e dos tipos de investimentos”, conta. A maior parte dos aportes do setor tem sido em depósitos a prazo – títulos de renda fixa – que remuneram acima da poupança. Esta é outra opção, assim como as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), cuja captação também vem subindo. 

A maior parte dos aportes do setor tem sido em depósitos a prazo – títulos de renda fixa – que remuneram acima da poupança Foto: Epitácio Pessoa/Estadão

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Chamariz

Os aportes em Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) feitos por todos os associados do Sicredi cresceram 115% no mesmo período, para R$ 2,2 bilhões. No fim do ano passado, a instituição automatizou as operações nas agências e vem reduzindo o valor mínimo para investir: era R$ 50 mil em 2019 e passou para R$ 30 mil em março. O banco discute se diminuirá em 2021 o tíquete mínimo – em outras instituições financeiras chega a R$ 1 mil –, para dar mais opções de investimento a cooperados e de crédito para o setor agropecuário.

Poupadores

O setor agropecuário se beneficia ainda do aumento de 43% nos aportes feitos junto ao Sicredi por todos os cooperados de dezembro de 2019 a setembro passado. O montante passou de R$ 100 bilhões, sendo R$ 54 bilhões em depósitos a prazo, R$ 20,7 bilhões em poupança (sustentação da carteira de agro, inclusive para suprir a forte demanda para investimentos em máquinas e outros itens), R$ 20,7 bilhões em depósitos à vista, R$ 3,8 bilhões em fundos e R$ 2,2 bilhões em LCAs. O número de investidores também cresceu, 29%.

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Grande?

Estudo do Departamento do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Deagro) mostra que a participação do setor nacional é pequena nas compras dos maiores importadores globais de produtos agropecuários. Do total de itens agrícolas adquiridos pelos Estados Unidos em 2019, o Brasil contribuiu com meros 3%. Da União Europeia, foram 6%, e, do Japão, 3%. A China foi exceção: 16% das importações agropecuárias saíram daqui. 

Aquém

Só 5,5% das aquisições globais de produtos do agronegócio tiveram o Brasil como origem nos últimos 12 meses. O peso do País no abastecimento mundial de certos itens é inegável, a exemplo de soja (46% do total), suco de laranja (49%) e carne de frango (32%). “Somos competitivos em pescados, frutas, lácteos e produtos florestais e devemos ganhar mercado”, diz Roberto Ignacio Betancourt, diretor do Deagro.

Sacode a poeira

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Produtores não deixarão de comprar máquinas agrícolas por causa dos bloqueios de linhas de crédito para o agro pelo BNDES, avalia Alfredo Miguel Neto, diretor de Assuntos Corporativos da John Deere Brasil. “Com demanda chinesa por grãos e carnes, rentabilidade alta, câmbio favorável, a tendência dos produtores é investir para aumentar a produtividade”, afirma. Ele destaca que há crédito atrativo com juros de mercado, especialmente para médios e grandes produtores. “O pequeno precisa de política pública”, afirma.

Inova

O agro foi a boa surpresa do ano para a startup catarinense TNS Nanotecnologia. O faturamento do segmento cresceu 400% de janeiro a agosto, com o tíquete médio de compras pulando de R$ 15 mil para R$ 150 mil, diz Gabriel Nunes, diretor-geral da empresa. A principal aposta é um aditivo com extratos vegetais e nanopartículas que aumenta a capacidade metabólica da planta, melhorando sua atividade de fotossíntese, que pode ser usado em vários tipos de culturas, desde grãos até hortifrutigranjeiros.

Mais adiante

O próximo produto a chegar ao mercado ainda este ano é um kit de testes com biossensores para detectar salmonela em amostras de campo em áreas de criação de frangos e suínos. A TNS está produzindo mais de 3 mil kits por semana e distribuindo amostras grátis para empresas testarem a tecnologia.

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Esforço

A Embrapa, que teve R$ 93,5 milhões de seu orçamento bloqueados, deve recuperar R$ 90,2 milhões com o crédito adicional previsto no projeto de lei 40, aprovado no Congresso na semana passada. Quem ajudou a costurar o acordo para a aprovação foi a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). “No momento em que o Brasil mais precisa da economia agrícola, cortar recursos da Embrapa é prejudicar o agronegócio”, diz o deputado Zé Silva (Solidariedade-MG), da FPA. / CLARICE COUTO e LETICIA PAKULSKI 

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