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Ainda não é o fundo do poço

Por Rafael Fagundes Cagnin
Atualização:

O quadro da indústria continua a se deteriorar. É o que indica a pesquisa do IBGE. O desempenho tem sido condicionado pela evolução da produção dos setores de bens de capital e de consumo duráveis. No trimestre, esses setores tiveram, respectivamente, quedas de 9,8% e 3,3% em relação ao trimestre anterior. A boa notícia é que as variações foram menos expressivas do que as do segundo trimestre. Em outras palavras, para que não percamos a esperança, pode ser que o agravamento da situação nesses setores esteja perdendo fôlego. Em direção oposta, estão os bens intermediários, que respondem por parcela relevante da indústria, cujo desempenho no terceiro trimestre (-2,7%) foi o pior do ano. Em menor medida, a contração de bens não duráveis e semiduráveis (-1,7%) também se ampliou, influenciada pelo desemprego e pela inflação, que retiram poder de compra da população. Do ponto de vista setorial, o quadro geral é preocupante: 10 dos 24 setores apresentaram desempenho médio pior no terceiro trimestre, incluindo bens de consumo duráveis, como veículos e móveis, mas também produtos cuja evolução costuma ser menos cíclica, como alimentos. Em cinco deles, a evolução foi um pouco melhor, mas continua apresentando contração, como em metalurgia e produtos de metal. Os outros sete setores, por sua vez, patinam, como a indústria química. Em suma, infelizmente ainda não está à vista o tão desejado fundo do poço da crise industrial.* Rafael Fagundes Cagnin é economista do Iedi

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