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Ajuste no mercado imobiliário deve vir pelo preço de terrenos, afirma especialista

Para Eduardo Zylberstajn, coordenador do Índice FipeZap, empresas vão reduzir custos para enfrentar momento de excesso de oferta e demanda reprimida

Por Lucas Hirata
Atualização:
 Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Os preços de terrenos devem direcionar o ritmo de ajuste no mercado imobiliário, que registra hoje um excesso de oferta e uma demanda reprimida, afirmou o coordenador do Índice FipeZap, Eduardo Zylberstajn. Segundo o especialista, em um mercado competitivo como o de imóveis, o equilíbrio tende a ocorrer através dos custos, uma vez que os empreendedores buscam preservar suas margens de ganho.

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"O ajuste poderia vir do cimento e da mão de obra, mas pela experiência internacional ocorre nos preços dos terrenos. Numa economia em que os juros sobem, os preços dos ativos tendem a cair", disse o coordenador do Fipezap. Frente às dificuldades macroeconômicas e do próprio setor, Eduardo Zylberstajn explicou que os preços dos imóveis e o volume de lançamentos já têm perdido força no País, mas o diferencial no processo deve vir no preço da terra.

A duração e a magnitude do ajuste ainda suscitam dúvidas, mas a expectativa é de uma gradativa queda nos preços dos imóveis. Eduardo Zylberstajn afirmou que, historicamente, o movimento de elevação dos preços tende a ser mais rápido e intenso em comparação com a tendência de ajuste negativo. Por isso, o processo atual pode ainda ser longo. Os comentários foram feitos na 15ª Conferência Internacional da Latin American Real Estate Society (Lares), em São Paulo.

São Paulo. O efeito no comércio de terrenos pode ser um pouco diferente na capital paulista, por conta do custo maior no direito de construir chamado de Outorga Onerosa, do novo Plano Diretor. De acordo com Alessandro Olzon Vedrossi, do núcleo de real estate da escola Politécnica da USP, esse fator de custo pode afastar companhias de novos empreendimentos no curto prazo, diminuindo o tamanho do mercado, e deve fazer os preços dos imóveis aumentarem mais no médio prazo. "O Novo Plano Diretor deixa mais caro o custo de terreno", afirmou o executivo.

Outro movimento que deve ser temporário em São Paulo é a concessão de grandes descontos no comércio de imóveis. O executivo afirmou que muitas empresas estão oferecendo descontos reais de aproximadamente 10% a 15% em seus empreendimentos. "Há companhias vendendo unidades abaixo do valor justo. Existe ansiedade por parte de alguns empreendedores, que cresceram demais, se endividaram, acumularam estoque e sofrem hoje com pressão de liquidez. As empresas precisam gerar caixa e, por causa da ansiedade, têm aceitado descontos acima do que é valor justo. É uma questão conjuntural", acrescentou.

Para o executivo, no entanto, a perspectiva no médio prazo é de retomada da alta de preços, por conta do ajuste em curso da oferta e demanda. O executivo apontou que uma das diferenças no futuro deve ser o tamanho menor do mercado, devido ao ritmo mais baixo de lançamentos hoje.

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