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AL e Caribe devem crescer cerca de 3% em 2009, diz Cepal

Segundo o órgão da ONU, cenário externo crítico recomenda cautela fiscal aos países da região

Por Da BBC Brasil
Atualização:

A crise econômica internacional deve fazer com que os países da América Latina e do Caribe cresçam no máximo cerca 3% em 2009, segundo um relatório divulgado nesta segunda-feira pela Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe), um órgão ligado à ONU. De acordo com o relatório de 254 páginas, intitulado Panorama da Inserção Internacional da América Latina e do Caribe, a crise financeira vai fazer com que o continente tenha seu comércio internacional afetado e assista a uma fuga de investimentos. Veja também: Lições de 29 A crise de 29 na memória de José Mindlin Veja o que muda com a Medida Provisória 443 Veja as semelhanças entre a MP 443 e o pacote britânico Consultor responde a dúvidas sobre crise   Como o mundo reage à crise  Entenda a disparada do dólar e seus efeitos Especialistas dão dicas de como agir no meio da crise A cronologia da crise financeira  Dicionário da crise  A situação deve fazer com que a região cresça algo em torno de 3% em 2009. Apesar da deterioração da situação externa, a Comissão prevê que em 2008 a região cresça cerca de 4,5%, número próximo da média de 5% apresentada entre 2003-2007. O ano de 2009, segundo a Cepal, deve ser caracterizado também por menor financiamento externo aos países da região, além de maiores taxas de juros, inflação e desemprego. Segundo o relatório, a desaceleração econômica nos Estados Unidos também fará com que os trabalhadores imigrantes diminuam as remessas que enviam para seus países de origem, comprometendo principalmente países que dependem mais deste dinheiro, como o México, países da América Central e do Caribe. Segundo a Cepal, neste contexto, é importante que os países da região mantenham a estabilidade econômica promovendo a solidez do sistema financeiro, reduzindo a pressão inflacionária e preservando o equilíbrio fiscal. Estas medidas, segundo o documento, devem ser complementadas com estímulos ao crescimento. A médio prazo, segundo a Cepal, é importante que os países da América Latina estimulem a diversificação das exportações e promovam parcerias público-privadas para melhorar a competitividade. Efeitos diferentes A Comissão ainda afirma que a crise deve afetar cada um dos países da região de maneira diferente. "Ainda que 2009 seja uma ano mais restritivo para todas as economias da América Latina e do Caribe, a magnitude de tais restrições varia em cada caso, de acordo com as características próprias de cada economia". O documento diz que o impacto da crise dependerá de oito variáveis: a solvência do sistema financeiro; se o país é credor ou devedor internacional; a sustentabilidade das suas contas e o nível da dívida pública; os níveis de inflação e perspectivas inflacionárias; o saldo em conta corrente da balança de pagamentos; a importância das remessas e do investimento externo direto como mecanismos de financiamento da conta corrente; o grau de diversificação das exportações e o caráter de exportador ou importador líquido de alimentos e energia. "De qualquer forma, além das diferenças nacionais, o cenário global recomenda austeridade fiscal, flexibilidade cambial e vigilância com prudência do desempenho do sistema financeiro, para assegurar sua liquidez e a solidez das operações em termos de prazos, moedas e tipos de risco", diz o relatório. Exportações O texto adverte que, durante a crise global, a região como um todo vai sofrer por causa da diminuição dos investimentos diretos, das remessas e da demanda por matérias-primas. "Em 2009, as exportações podem deixar de ser um fator de riqueza para a região", diz a Cepal. "Esta mudança drástica no cenário externo vai ter conseqüências negativas no crescimento e nível de emprego da região e, assim, na evolução da pobreza na América Latina e no Caribe." Por outro lado, o relatório elogia medidas tomadas por países da região para deter os efeitos da crise. "A maioria dos países emergentes está melhor preparados do que estiveram em casos anteriores para resistir a golpes externos devido a suas amplas reservas externas, contas fiscais em ordem e menores dívidas externas." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.