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Alavancagem da Petrobrás cai para 60% em 2015

Relação entre endividamento e patrimônio teve leve queda, mas permanece acima das metas estabelecidas pela estatal

Por Gabriela Mello e André Magnabosco
Atualização:
 Foto: Fábio Motta/Estadão

A alavancagem líquida da Petrobrás, medida pela relação entre endividamento líquido e patrimônio líquido, fechou o quarto trimestre em 60%, levemente abaixo da marca de 65% registrada no final de setembro de 2015. Já a relação entre dívida líquida e Ebitda, que estava em 5,24 vezes no término do terceiro trimestre do ano passado, fechou o ano em 5,31 vezes. Ambos os números permanecem significativamente acima das metas estabelecidas pela Petrobrás, de até 35% e 2,5 vezes, respectivamente.

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A gradual elevação do endividamento da Petrobrás no decorrer de 2015, tendência parcialmente revertida nos três últimos meses do ano, acompanhou a trajetória de valorização do real em relação ao dólar. Como mais de 80% da dívida da estatal foi contraída em moeda estrangeira, o enfraquecimento do real implica em elevação do endividamento, quando convertido para a moeda brasileira. O efeito seria ainda mais adverso à Petrobrás não fosse a adoção da contabilidade de hedge, uma prática contábil que ameniza o impacto cambial, e consequentemente financeiro, sobre as demonstrações de resultado da empresa.

A variação cambial contribuiu para que o endividamento da estatal atingisse recordes em 2015, superando inclusive a barreira de R$ 500 bilhões. No dia 31 de dezembro, contudo, as dívidas da Petrobrás somavam R$ 492,849 bilhões, valor abaixo do patamar apurado em setembro passado.

Como a estatal terminou o ano com R$ 100,887 bilhões de recursos em caixa, incluindo títulos, o endividamento líquido ao final do ano estava em R$ 391,962 bilhões. O valor é 2,6% inferior à dívida líquida de R$ 402,348 bilhões apurada no final de setembro passado.

As dívidas a vencer da Petrobrás em 2016 somam R$ 57,334 bilhões, ou 11,6% do endividamento total da companhia. Em um período de um a dois anos vencem mais R$ 44,505 bilhões. Ou seja, o montante a vencer entre 2016 e 2017, no total de R$ 101,839 bilhões, é equivalente ao total de recursos em caixa por parte da companhia.

Alavancagem. O nível de endividamento da Petrobrás ganhou importância em 2010, ano em que a estatal realizou sua megacapitalização de mais R$ 120 bilhões. Na oportunidade, uma das razões para que a Petrobras anunciasse a operação foi justamente a preocupação de que a alavancagem líquida superasse 35% e colocasse em risco a condição de grau de investimento concedido pelas agências de classificação de risco.

Concluída a operação, a alavancagem da estatal caiu de 34% no segundo trimestre para 16% no terceiro trimestre de 2010. Desde então, porém, o indicador manteve trajetória ascendente, influenciado principalmente pela tendência de valorização do dólar ante o real. A mesma trajetória foi identificada na relação entre dívida líquida e Ebitda. Como resultado, a estatal perdeu o grau de investimento concedido pelas três principais agências de classificação de risco do mundo (Moody's, Standard & Poor's e Fitch).

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O indicador superou os limites desejados pela estatal e só deve retornar a patamares considerados aceitáveis, abaixo de 2,5 vezes, no final da década. Esta é a previsão revelada pela própria Petrobras, no Plano de Negócios e Gestão 2015-2019 - a estatal ainda não divulgou o plano 2016-2019.

O planejamento da estatal projeta que a relação entre dívida líquida e Ebitda deve ser inferior a 3 vezes até 2018 e abaixo de 2,5 vezes até 2020. A estatal também prevê que a alavancagem líquida poderá cair abaixo de 40% até o final de 2018. O desejado patamar de menos de 35% deve ser alcançado até 2020.

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