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Alemanha prevê sua pior recessão

País já prepara novo pacote de até 25 bi para enfrentar maior tombo na economia desde a 2ª Guerra Mundial

Por Jamil Chade
Atualização:

A Alemanha vai enfrentar a pior recessão desde a 2ª Guerra Mundial e já planeja, para 2009, um novo pacote de estímulo à economia. As medidas serão anunciadas assim que o novo presidente americano, Barack Obama, tomar posse no final de janeiro. Há menos de um mês, o governo alemão anunciou um pacote de medidas de US$ 63 bilhões para relançar a economia. Agora, a oposição quer que outros 25 bilhões sejam usados no pacote. A crise está obrigando governos como o da Alemanha a atuar em meio a uma tormenta, o que políticos na Europa já haviam esquecido. "Não temos muita experiência com esse estado de choque", admitiu a chanceler alemã Angela Merkel. O jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung divulgou ontem as novas previsões do Ministério da Economia do país que indica que o maior mercado da Europa sofrerá uma queda de pelo menos 3% em 2009. O encolhimento da economia poderia ser ainda maior se a recessão atingir outros países. Trata-se, de qualquer forma, do maior tombo na economia alemã desde a 2ª Guerra Mundial e da mais profunda recessão no país no período pós-nazismo. A notícia obrigou a chanceler Angela Merkel a anunciar que um novo pacote de incentivo à economia será implementado a partir de janeiro. O pacote incluiria bilhões de euros para obras de infra-estrutura, comunicações e renovações de escolas. Merkel está sob forte pressão da oposição que alega que a chanceler não está fazendo o suficiente para evitar a crise. "Por meses ela falou que a crise americana não chegaria aos alemães e que uma recessão não estava prevista", afirmou ao Estado Heiner Flassbeck, ex-vice-ministro de Finanças da Alemanha nos anos 90. Agora, ela começa a reconhecer que novas medidas terão de ser anunciadas. "Sozinhas, as medidas já tomadas não são suficientes", disse em um discurso no instituto ZEW, em Mannheim. "Sabemos que temos de agir de novo em janeiro", disse a chanceler. Para a oposição - a coalização Social-Cristã -, a Alemanha precisaria gastar mais 1% de seu PIB para evitar uma recessão profunda. Isso significaria outros 25 bilhões de euros. Segundo o jornal Frankfurter Rundschau, o novo pacote seria de apenas 20 bilhões. Os ataques a Merkel estão fazendo com que ela perca popularidade, mesmo diante do pacote de mais de US$ 60 bilhões anunciado em novembro e incentivos fiscais. Ela ainda é vista com tendo hesitado em apoiar uma estratégia européia de combate à crise. Agora, a chanceler justifica sua nova posição diante do aprofundamento da crise. "Estamos vendo uma constante mudança nas previsões de crescimento e que apontam para tempos muito difíceis", afirmou. Estudos do próprio governo apontam que uma contração de 2% na economia alemã em 2009 irá gerar uma queda de arrecadação de 6 bilhões. Já o custo de programas para ajudar os desempregados aumentarão em 3 bilhões. Uma queda de 3% na economia, portanto, causaria um rombo de 15 bilhões para o governo financiar apenas seus programas sociais.

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