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Alemanha quer criação de Conselho Econômico da ONU

Por ANDREI NETTO
Atualização:

A chanceler alemã, Angela Merkel, propôs ontem, em Paris, com a anuência do governo francês, a criação do Conselho Econômico das Nações Unidas, um órgão com o mesmo status do Conselho de Segurança. A proposta seria completada por um documento ?universal?, a Declaração por uma Economia Racional de Longo Prazo, que nortearia a regulação dos mercados financeiros, das taxas de juros e das políticas monetárias de todo o mundo. O projeto é uma prévia da proposta que a União Europeia levará à reunião do G-20, marcada para 2 de abril, em Londres. As proposições foram apresentadas durante seminário sobre a Nova Ordem Econômica Mundial promovido pelo Palácio do Eliseu, com a presença do presidente Nicolas Sarkozy. Até aqui criticados por não agirem em perfeita sintonia, Merkel e Sarkozy demonstraram perfeito entrosamento em torno do projeto de refundação do sistema financeiro. Merkel tomou a frente, sugerindo a elaboração do Conselho Econômico, que seria abrigado pela Organização das Nações Unidas (ONU), e Sarkozy completou, exigindo que países emergentes o integrem. O objetivo do órgão não se limitaria a reorganizar a fiscalização do sistema bancário, dos fundos de investimentos, das agências de classificação de risco e dos paraísos fiscais, mas regulamentaria o que Merkel chamou de ?fatores de instabilidade?, entre os quais taxas de juros e políticas monetárias. Para ilustrar suas ideias, a chanceler citou o exemplo do ?desequilíbrio? criado pelo excedente monetário da China e pelo déficit dos Estados Unidos, que poderia ser combatido com um modelo global de taxas de juros e de gestão monetária. Esses detalhes seriam estabelecidos pela Declaração por uma Economia Racional de Longo Prazo, inspirada na Declaração dos Direitos Humanos. Para Merkel, o objetivo central de todas as propostas é alterar o funcionamento do sistema financeiro internacional para evitar que turbulências semelhantes se repitam. Formuladas em consenso entre os governos da Alemanha e da França - dois motores da zona euro -, as sugestões foram interpretadas como o embrião da proposta que a União Europeia levará à reunião de cúpula do G-20. Um sinal dessa intenção foi o alerta ao presidente eleito dos EUA, Barack Obama, e à nova administração americana. ?Os Estados Unidos não podem impor sua vontade?, disse Sarkozy, apoiado em seguida por Merkel: ?No século 21, não haverá uma só nação que nos dirá o que é preciso pensar. Não aceitaremos o status quo, o imobilismo, o retorno do pensamento único?. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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