DAVOS – A nova ameaça à economia mundial pode estar no mercado financeiro. A advertência tem sido feita por economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e foi repetida, ontem, pelo presidente do Banco da Inglaterra, Mark Carney.
Os preços dos ativos estão muito altos, graças a operações estimuladas por dinheiro abundante e juros muito baixos, e o mercado fará o ajuste em algum momento. Falta saber como será o impacto no setor bancário, observou Carney. Sua avaliação, por enquanto, indica certo otimismo: as grandes instituições estão capitalizadas em grau suficiente para absorver o efeito de uma forte correção das cotações dos ativos.
O presidente do Banco da Inglaterra foi um dos participantes, nesta sexta-feira, 26, do painel sobre perspectivas globais da economia, um dos eventos tradicionais do Fórum Econômico Mundial em Davos.
O bom panorama de curto prazo divulgado há poucos dias pelo FMI foi tomado, em geral, como referência para a conversa. De acordo com o Fundo, a economia global deve crescer 3,9% neste ano e repetir esse desempenho em 2019. Christine Lagarde, diretora-gerente da instituição, integrou o painel e chamou atenção para a necessidade de mais comércio, de mercados abertos e de políticas de aumento da produtividade e do potencial de crescimento. Também acentuou a importância de ações para combater a pobreza, assim como a desigualdade. A distribuição desigual da renda e da riqueza agravou-se em vários países como um dos efeitos da globalização.
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Otimismo. O presidente do Banco do Japão, Haruhiko Kuroda, participante habitual do painel, mostrou-se esperançoso de levar a inflação japonesa, em breve, à meta de 2% ao ano. Há alguns anos Kuroda se dedica a explicar, em Davos, porque falhou em produzir a inflação desejada. Mas tem poucos motivos de queixa. A economia japonesa está crescendo em ritmo próximo de 2%, bem acima do potencial, o desemprego está em 2,7% da força de trabalho. A inflação persistentemente baixa, segundo ele, deve ser atribuível a um fenômeno geral, a globalização, e a um especificamente japonês, a adaptação de empresas e famílias a preços muito contidos, depois de 15 anos de deflação.
O painel foi coordenado, como há muitos anos, pelo jornalista Martin Wolf, colunista do Financial Times, ex-economista do Banco Mundial e ex-colega de Kuroda em Oxford. A sessão ocorreu logo após o discurso de Donald Trump, no mesmo auditório. Wolf queixou-se da falta de uma banda de música, gentileza inédita proporcionada ao presidente americano.
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