A Cargill foi autuada em R$ 5 milhões por ter comprado 10 mil sacas de 60 quilos de soja produzidas na região de Balsas, no Maranhão. No caso da Bunge, a multa foi de R$ 1,870 milhão, por ter adquirido 3.741 sacas na mesma região.
Outras três tradings de grãos foram alvos da Operação Shoyo, realizada pelo Ibama, em parceria com o Ministério Público Federal (MPF). A maior autuação foi aplicada contra a Uniggel, no valor de R$ 13,255 milhões, pela compra de 26.510 sacas de soja em Porto Nacional, no Tocantins. A ABC Inco, ligada ao Grupo Algar Agro, recebeu multa de R$ 4,367 milhões pela aquisição de 8.734 sacas em Balsas (MA). Na mesma região, foi autuada a JJ Samara Agronegócios Eireli, com multa de R$ 110 mil pela compra de 220 sacas de 60 quilos de soja produzida sobre área embargada.
Ao todo, o Ibama informou que emitiu 62 autos de infração contra empresas e produtores rurais que descumpriram embargos de áreas ilegalmente desmatadas nos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. As multas totalizam R$ 105,7 milhões.
Por meio de nota, a Bunge declarou que "apresentou sua defesa na qual estão comprovadas as boas práticas da empresa na aquisição de grãos, baseadas nas diversas consultas às bases de dados públicas relativas a áreas embargadas, o que atesta a regularidade da compra alvo da autuação".
A empresa afirmou que apoia iniciativas do Ibama, como a "moratória da soja" e que "sempre pautou suas ações respeitando a legislação ambiental, bem como suas diretrizes internas e sua política global de não-desflorestamento".
A Cargill informou que, até o momento, não foi notificada pelo Ibama a respeito de irregularidades na compra de soja na região do Maranhão. "A empresa reforça que irá apurar os fatos e prestar os esclarecimentos necessários quando tiver acesso às informações da referida autuação", declarou.
A Algar Agro, dona da ABC Inco, afirmou que "já apresentou sua defesa onde comprova suas boas práticas na compra de grãos, baseadas nas diversas consultas aos dados do Ibama, o que atesta a regularidade de suas relações comerciais".
A empresa informou que "dispõe de controles rígidos e de um sistema de compliance acompanhado sistematicamente para garantir o cumprimento de todo o ordenamento legal vigente, onde se incluem as normas ambientais fiscalizadas pelo Ibama".
A JJ Samara Agronegócios Eireli afirmou que foi erroneamente autuada. “Houve equivoco da fiscalização, pois em nenhum momento a empresa praticou atos que se enquadrem ao referido dispositivo, o qual prevê multa para empresas que adquirem, intermediam, transportam ou comercializam produto produzido sobre área objeto de embargo”.
A empresa declarou que “nunca praticou tais condutas, mas apenas armazenou produto de terceiro em período chuvoso, quando desconhecia qualquer informação a respeito da origem da carga, sendo que o armazenamento não é conduta descrita no dispositivo que embasou a autuação”.
A Uniggel não se posicionou sobre o assunto até o fechamento desta reportagem.
Além das cinco tradings, a operação encontrou ilegalidades associadas a 73 pessoas físicas e jurídicas, com problemas identificados em 77 imóveis.