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Algar Telecom planeja aquisições para expandir atuação na fibra ótica

Segundo presidente da companhia, a incorporação de rivais é estudada para acelerar a expansão das redes próprias no interior do País; ele também confirma que a Algar estará no leilão de 5G do governo

Foto do author Circe Bonatelli
Por Circe Bonatelli (Broadcast)
Atualização:

Após deixar escapar a compra da Copel Telecom em leilão no fim do ano passado, a Algar Telecom continua com apetite por aquisições, afirma o presidente da companhia, Jean Carlos Borges, em entrevista ao Estadão/Broadcast. A potencial incorporação de rivais é estudada para acelerar a expansão das redes próprias de fibra ótica para oferta de banda larga no interior do País. Ao mesmo tempo, a estratégia também ajuda a fazer frente à concorrência cada vez maior no setor, com a chegada de novos investidores e a consolidação do mercado pelas empresas abertas.

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Os chamados provedores regionais têm ganhado mercado ano a ano, e já respondem, juntos, por 41% do mercado de banda larga no Brasil, à frente de Claro (27,5%), Vivo (18%) e Oi (14%), de acordo com dados da Teleco. Há três anos, essas empresas menores tinham uma fatia de apenas 26% do todo.

"Vejo o crescimento dos provedores regionais de banda larga com muito entusiasmo. Essas empresas são uma alternativa muito boa para o cliente final, com a oferta de serviços similares aos dos grandes centros", afirma Borges.

Algarpassa a ter uma rede de mais de 110 mil km de fibra óptica e receberá 3,4 mil clientes corporativos. Foto: Rene Moreira/Estadão

Aí entra a oportunidade. Apesar desse avanço, ainda há muitas empresas de pequeno e médio porte no mercado, além de regiões não atendidas, o que abre espaço para investimentos tanto no crescimento orgânico das redes, quanto nas consolidações de mercado.

"Há um gap de ofertas no interior do País e alternativas que podem representar cases perfeitos para consolidação", observa o presidente da Algar. "Muitos operadores, junto de fundos de private equity, estão vislumbrando essa possibilidade. E nós temos estudado muito a sério o mercado", complementa.

Nos últimos anos, a Algar realizou três aquisições importantes para ampliar o alcance de sua rede: a da provedora Smart (Pernambuco) em 2019 por R$ 49,8 milhões; a Cemig Telecom (Goiás, Bahia, Pernambuco e Ceará) em 2018 por R$ 77,8 milhões; e a Optitel Redes (São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) em 2015 por R$ 56,5 milhões. "Temos usado um pouco mais essa estratégia de aquisições. Antes de sair construindo fibra ótica, verificamos se há condições locais de acelerar esse processo por meio da compra", explica o presidente.

A última aquisição que a Algar tentou fazer foi a Copel Telecom, mas a operadora ficou com o Fundo Bordeaux, ligado ao empresário Nelson Tanure, que deu lance de R$ 2,4 bilhões. A operadora mineira também chegou a estudar parceria com as empresas de fibra ótica lançadas por Oi e TIM, mas não chegou a fazer uma oferta firme por não ver sinergias suficientes no plano de negócios.

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Para as próximas potenciais aquisições, os recursos virão, essencialmente, de tomada de dívida, mas um aporte dos sócios não é totalmente descartado, a depender do tamanho do cheque. A família Garcia é a fundadora e controladora da companhia, com 67% de participação, e tem como parceiro o GIC, fundo soberano de Cingapura, que em 2018 fez um aporte de R$ 1 bilhão em troca de 25% das ações da companhia.

O presidente executivo conta que não há perspectivas de alteração no controle da Algar, uma vez que a família "se vê operando pelos próximos 100 anos". "Mais que um investidor, eles adoram participar das operações, desde o atendimento ao cliente até os planos para um crescimento sustentável. E a parceria com o GIC é boa, atende a uma visão de longo prazo."

Aposta nas franquias

A Algar também está reforçando a aposta na expansão da fibra ótica por meio de franquias. A operadora inaugurou esse modelo no Brasil em 2017 - mais tarde, Vivo e Oi trilharam o mesmo caminho. Nesse tipo de negócio, o fraqueado implementa a rede e fornece equipe técnica, instalação e manutenção de serviços (fixo, internet, celular e TV), enquanto a Algar dá o suporte especializado no ramo.

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A companhia atingiu 1,3 mil quilômetros de redes de fibra via franquias e outros 300 quilômetros estão em implementação. Com isso, chegou a 57 cidades de pequeno porte onde não estaria presente sozinha pela falta de escala. A maioria desses municípios têm cerca de 20 mil habitantes.

O plano agora é estender o modelo a todo o País, chegando a Estados fora da área de concessão. A rede da Algar passa por 1,1 mil cidades que, em tese, representam o potencial total desse movimento de expansão. "A franquia pode ser um veículo de crescimento e maior uso da infraestrutura já disponível, destravando valor para a companhia, acionistas, cidade e empreendedores locais", projeta Borges. Os primeiros testes estão sendo realizados em São José do Rio Preto, Sorocaba e São Carlos, as três no interior de São Paulo.

Leilão do 5G

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O presidente da Algar confirma ainda que a companhia estará presente no leilão da internet móvel de quinta geração (5G). "A inovação é bastante presente no nosso dia a dia", enfatiza Borges.

Na sua avaliação, foi acertada a decisão do Ministério das Comunicações e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de reservar lotes regionais de frequências para o certame, o que abre espaço para competição por parte de operadores de menor porte, e não apenas das companhias nacionais.

"Isso será importante para levar a tecnologia 5G para as cidades interioranas com maior rapidez e competitividade. Acho que o leilão vai surpreender, tem muitos players regionais com disposição e fôlego para participar", prevê.

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