
29 de agosto de 2012 | 03h11
"Ainda há muito espaço para licenciamentos na área de alimentos e na categoria de cosméticos e higiene pessoal que passou por um boom nos últimos anos, mas ainda precisa ser melhor explorada", destaca Ana Amélia de Cesaro, da Play.
A explicação para essa demanda não explorada, explica a pesquisadora, tem raízes no passado próximo do consumidor brasileiro. "Pouco tempo atrás, o poder de decisão dessas categorias estava concentrado nas mãos dos pais. Conforme a criança foi ganhando liberdade de escolha, começou a influenciar a família e a decidir o que consumir", diz.
Marconi Arruda Leal, da Biotropic, sabe disso. Ele mantém 25 licenças para um portfólio de 180 produtos entre xampus, sabonetes e colônias. Quando assumiu a empresa, adquirida em 2006, foi buscar opções para expandir o faturamento, até então dependente de uma linha de produtos profissionais para cabelo.
Leal viu com bons olhos o segmento infantil e contou com uma estratégia respaldada no licenciamento para se diferenciar da concorrência.
"Eu precisava colocar os produtos no varejo e, com a marca própria, a gente não entraria. Quando fechei contrato para ter Barbie, Homem Aranha, Princesas e outros famosos, as portas se abriram", lembra Leal.
Atualmente, a empresa de R$ 130 milhões deve 80% de sua receita aos itens licenciados. Paralelamente, Leal trabalha para emplacar um sortimento de marcas próprias. A ideia é trazer a visibilidade de seus produtos licenciados para quem os produz.
"Não vejo como uma coisa ruim ter 80% do faturamento em licenciamento. Mas consigo margens maiores com a marca própria. Como hoje eu já tenho cadastro em todos os grupos varejistas, fica mais fácil apresentar as novas linhas."
Para Adriano Gomes, professor de administração da ESPM, a estratégia adotada pelo dono da Biotropic merece atenção. "O licenciamento é para obter lucro, mas também pode ajudar a construir uma marca. O empresário pode aproveitar os contatos possibilitados pelo personagem famoso de todas as formas."
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