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Alimentos mantêm inflação alta, sobretudo no atacado

Por VANESSA STELZER
Atualização:

Os preços dos alimentos começaram a mostrar uma leve desaceleração no varejo de São Paulo, mas continuaram em forte alta no atacado, confirmando o cenário previsto por analistas de que o arrefecimento dos índices de inflação será gradual. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de São Paulo, divulgado nesta quarta-feira, subiu 1,26 por cento na segunda quadrissemana de junho, abaixo da taxa de 1,30 por cento da primeira. Já o Índice Geral de Preços-10 avançou 1,96 por cento neste mês, ante 1,52 por cento em maio. Ambos ficaram em linha com a previsão de analistas. O mercado acredita que o ápice da inflação ao consumidor neste ano já ocorreu em maio, mas prevê que os IGPs --compostos em sua maioria pelo atacado-- continuarão subindo em junho. Entre as principais forças de resistência estão os alimentos. "Acho que chegamos ao pico (de alta dos preços no atacado em junho), mas acho que a descida do pico vai ser mais gradativa", avaliou Salomão Quadros, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que divulga o IGP-10. O IPC, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), mostrou que os custos de Alimentação subiram 3,66 por cento, ante 3,68 por cento na primeira quadrissemana, em razão de uma forte redução no ritmo de aumento dos produtos in natura --que passou para 1,12 por cento na segunda leitura do mês, frente a 3,02 por cento na primeira. Márcio Nakane, economista da Fipe, espera que o grupo dos alimentos encerre junho em alta de 3,02 por cento, abaixo dos 3,17 por cento de maio. Assim, ele reduziu o prognóstico para a inflação em São Paulo neste mês: para 0,98 por cento, ante 1,23 por cento em maio. No IGP-10, os produtos agrícolas no atacado subiram 2,62 por cento em junho, acima da alta de 1,64 por cento de maio. ARROZ, CARNE E FEIJÃO Nos dois índices, as principais altas vieram do arroz e das carnes. Segundo os economistas das instituições, os preços do arroz estão começando a dar sinais de um discreto alívio, movimento oposto ao mostrado pelas carnes, que enfrentam o período de entressafra no segundo semestre. "O arroz está perdendo força", disse Quadros, ponderando que essa pressão pode ser substituída por outra: o feijão. O cenário para os alimentos no segundo semestre é menos pressionado que na primeira metade do ano, afirmou Nakane, da Fipe, calculando que em São Paulo os preços desse grupo devem fechar o primeiro semestre com alta de 8 por cento. Entre os alívios à frente, está a safra brasileira da soja. Com isso, os analistas projetam inflação também menor. Para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador referencial do sistema de metas, o economista-chefe do Bes Investimento, Jankiel Santos, espera taxa média mensal de 0,40 por cento, abaixo do valor médio de 0,57 por cento nos cinco primeiros meses do ano. A inflação medida pelo IGP-10 em junho foi a maior desde fevereiro de 2003, segundo a FGV. A taxa acumulada em 12 meses, de 12,71 por cento, foi a maior desde novembro de 2003. Na Fipe, a taxa do IPC em 12 meses, de 5,71 por cento, foi a maior desde a primeira quadrissemana de agosto de 2005. A alta dos alimentos em 12 meses, de 15,88 por cento, foi a mais elevada desde a terceira quadrissemana de outubro de 2003. (Reportagem adicional de Cláudia Pires e Rodrigo Viga Gaier)

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