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Alívio no exterior dura pouco e dólar sobe 1,78%

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Por Silvio Cascione
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O dólar fechou em alta nesta quarta-feira, com a retomada das preocupações sobre a economia norte-americana e a situação de grandes bancos mundiais, apenas um dia após o corte emergencial do juro nos Estados Unidos. A moeda norte-americana subiu 1,78 por cento, para 1,825 real. Na véspera, a maior redução do juro norte-americano em mais de 23 anos --em 0,75 ponto percentual-- havia ajudado o dólar a cair 2,02 por cento frente ao real. A injeção de ânimo, porém, durou pouco nos mercados internacionais. Com o medo de que uma recessão nos EUA já seja inevitável, além de rumores sobre baixas contábeis em bancos europeus, as bolsas de valores na Europa e em Nova York voltaram a despencar. Com os investidores mais ariscos, diminuiu a disposição dos estrangeiros em aplicar no país. À tarde, isso se refletia em alta de 14 pontos-básicos do risco Brasil, medido pelo JP Morgan. A avaliação geral dos emergentes superou 300 pontos-básicos pela primeira vez desde julho de 2005. "O mercado segue volátil e seguirá assim enquanto as bolsas lá fora estiverem caindo fortemente. Há um movimento nítido de realocação de portfólio, tanto aqui como lá fora", disse Jorge Knauer, gerente de câmbio do Banco Prosper, no Rio de Janeiro. O comportamento dos estrangeiros no mercado futuro de câmbio demonstra a menor exposição a risco. A posição vendida de investidores internacionais em dólar, considerando o dólar futuro e o cupom cambial, superava 3 bilhões de dólares há uma semana. Com o agravamento da crise, essa posição foi reduzida para pouco menos de 130 milhões de dólares no dia 22, segundo dados da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). A posição vendida em dólares indica aposta na desvalorização da moeda norte-americana. ARBITRAGEM A alta do dólar em reação à crise internacional, no entanto, pode ser amortecida ou mesmo revertida por um efeito secundário ao corte dos juros nos Estados Unidos. Com a manutenção prevista do juro no Brasil, o retorno dos ativos brasileiros ficará ainda mais atrativo em relação ao dos títulos norte-americanos. "Com as taxas de juros continuando altas por mais tempo, avaliamos que o real está posicionado para apreciação no curto prazo", afirmou em relatório o banco de investimentos Merrill Lynch. O banco, inclusive, espera que a taxa de câmbio alcance 1,60 real por dólar já em março deste ano. Knauer, porém, lembra que os investidores estão olhando menos para esse tipo de fundamento durante a crise. "Num primeiro momento, essa arbitragem não tem força para qualquer pressão de venda no mercado de câmbio aqui. Não é o momento de se montar posições grandes", ponderou.

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