
25 de setembro de 2014 | 02h06
Essa não é a única fonte de preocupação com as contas externas, pois o BC reduziu de US$ 5 bilhões para US$ 3 bilhões a projeção de superávit comercial do ano, enquanto os agentes privados ouvidos pelo boletim Focus esperam saldo positivo de US$ 2,32 bilhões (até 19/9, houve déficit de US$ 507 milhões).
Na conta de serviços, o destaque negativo foi o turismo, com déficit de US$ 1,85 bilhão no mês passado e de US$ 12,3 bilhões de janeiro a agosto, acima dos US$ 12 bilhões de igual período de 2013. Nem a Copa do Mundo fez estabilizar a conta de turismo.
Apesar da fragilidade das exportações, o BC manteve em US$ 80 bilhões a estimativa de déficit das transações correntes do balanço de pagamentos, que englobam o comércio, os serviços, as rendas e as transferências unilaterais. As projeções de mercado são um pouco piores (déficit de US$ 83 bilhões).
Mais preocupante é a qualidade dos ingressos externos que financiam o déficit, pois cresce a parcela aplicada em títulos de renda fixa, atraída pelos juros altos, e a destinada aos mercados de renda variável. Os ingressos líquidos de investimentos estrangeiros em carteira somaram US$ 5,4 bilhões em agosto, dos quais US$ 1,6 bilhão em ações. Neste ano, ingressaram US$ 10,6 bilhões destinados a ações, 43% mais do que em igual período de 2013. Até 19/9, segundo a Bolsa, os estrangeiros já haviam aplicado em ações mais do que em todo o ano de 2009, que era recordista.
O financiamento do déficit corrente com recursos voláteis, como costumam ser as aplicações em ações, revela um aumento de riscos numa fase de piora dos indicadores macroeconômicos e de pressões sobre a taxa de câmbio, que chegou a superar a casa dos R$ 2,40, com alta de 6,49% no mês, até terça-feira. A atratividade das aplicações em dólar seria, agora, um fator por demais indesejável para as contas externas.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.