A disparada da inflação dos alimentos que acumula nos três últimos meses alta de 5%, cerca de cinco vezes a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no período, deverá diminuir o poder de compra da população e reduzir o ritmo de crescimento da economia no ano que vem. Consultorias já começam a revisar para baixo as projeções do Produto Interno Bruto (PIB) para 2008. Veja mais informações na edição de terça do Estadão. Na quarta-feira, 12, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o crescimento do PIB do 2º trimestre. A expectativa é de que o resultado seja vigoroso, com alta de 5% a 6,5% na comparação com igual período de 2006. Para o fechamento deste ano, a maioria das instituições financeiras ouvidas pelo Boletim Focus, do Banco Central (BC), apontam para um crescimento de 4,71%, um pouco menor que a taxa esperada pelo governo, que é de 5%. O ajuste da projeção para 2008 ainda é pequeno, porém aborta a possibilidade um crescimento mais vigoroso do PIB. Se o otimismo inicial fosse mantido, o País poderia se aproximar da média de crescimento dos demais emergentes, que está na casa de 7% ao ano. O Departamento Econômico do Bradesco, por exemplo, diminuiu de 4,6% para 4,4% a estimativa do PIB para 2008 e ampliou de 4,1% para 4,3% a perspectiva de inflação medida pelo IPCA para o mesmo período. Segundo economistas do banco, antes da eclosão da crise financeira nos Estados Unidos, o cenário era mais otimista. Na semana passada, o próprio BC deu sinais de que o cenário é outro ao desacelerar o corte na taxa de juros básica de 0,5 para 0,25 ponto porcentual. Para a RC Consultores, a perspectiva era de que a taxa básica de juros recuasse para 8,5% e 9% ao ano em dezembro de 2008. Com a crise financeira e a subida da inflação, a consultoria acha que a Selic deve recuar para 10% no fim de 2008.