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Bolsa chega a zerar perdas, mas é afetada pelo conflito entre EUA e Irã e fecha aos 117 mil pontos

Escalada da tensão entre os EUA e o Irã fez petróleo disparar no mercado internacional, mas beneficiou papéis de petrolífera; dólar opera em alta

Foto do author Altamiro Silva Junior
Por Altamiro Silva Junior (Broadcast) e Maria Regina Silva
Atualização:

O Ibovespa, que chegou a operar na máxima intraday histórica dos 118.791,86 pontos, fechou aos 117.706,66 pontos, com declínio de 0,73% nesta sexta, 3. O volume financeiro somou R$ 29,1 bilhões. Na quinta, 2, no primeiro pregão do ano, a Bolsa de Valores havia fechado no recorde de 118 mil pontos

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A Bolsa caiu em torno de 1% ao longo do dia, acompanhando a aversão a risco por causa da escalada de tensão entre Estados Unidos e Irã. O Ibovespa conseguiu reduzir as perdas, inclusive chegou a subir instantes antes do encerramento do pregão, mas a alta não foi mantida e o índice da B3 voltou a acentuar o ritmo de queda, fechando no mesmo nível das bolsas em Nova York, que cederam entre 0,71% e 0,81%. 

O aumento das tensões entre EUA e Irã fez os preços do petróleo dispararem mais de 4%. As ações da Petrobrás até chegaram a subir, porém depois ficaram instáveis, concluindo o dia em queda de 0,81% (PN) e de 2,47% (ON). 

O sobe-e-desce, conforme operadores, reflete a dúvida sobre a política de preços dos combustíveis da estatal. Pela manhã, o presidente Jair Bolsonaro disse que telefonou para o presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, para tratar do impacto sobre o preço dos combustíveis, mas não foi atendido. "Quero ter informações dele", afirmou, acrescentando que os ataques devem, sim, ter impacto sobre os preços dos combustíveis no Brasil.

Para um operador, essa atitude do presidente não é bem vista, pois pode parecer ingerência política, embora Bolsonaro tenha dito que o governo não faz essa linha. A expectativa do mercado é que nos próximos dias a Petrobrás se posicione sobre o assunto. "Não pega bem. Como assim, telefonar para o presidente da estatal?", indagou.

De acordo com um economista, o fato de não ter ficado claro se tratar de uma tensão que terá impacto significativo e duradouro no mundo, a queda das bolsas de forma geral foi moderada. “Também não sabemos em que medida o presidente Donald Trump usará ou não esse ataque para se reeleger, qual a dimensão que dará para isso e qual será a próxima medida dos EUA, ou mesmo do Irã e de outros países."

Embora o mercado esteja preocupado e continuará monitorando esse clima que se instaurou entre EUA e Irã, a expectativa pela oficialização do entendimento comercial "fase 1" sino-americano no próximo dia 15 também ajudou a limitar as perdas. "Claro que ficarão olhando essa questão EUA-Irã, mas como existe uma data para a assinatura do acordo norte-americano com a China, o investidor avalia o quanto pode manter dos seus investimentos visando esse acordo", afirma.

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Dólar

A escalada da tensão comercial no Oriente Médio provocou forte queda das moedas emergentes e com o real não foi diferente. O dólar operou o dia todo em alta e, no mercado à vista, fechou com valorização de 0,78%, a R$ 4,0555.

O volume de negócios seguiu baixo no mercado local de câmbio, com muitos investidores ainda fora das mesas de operação por conta das festas de final de ano. Mas o clima de cautela predominou durante toda a sessão, com investidores buscando refúgio no dólar até entender os desdobramentos que a morte do iraniano pode ter para a economia mundial. A consultoria inglesa Capital Economics estima que uma guerra entre Estados Unidos e Irã poderia reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) global em cerca de 0,3 ponto porcentual.

"O ataque aéreo americano desencadeou um fuga para portos seguros no mercado de moedas", avalia o chefe da área do moedas do banco alemão Commerzbank, Ulrich Leuchtmann. Com isso, o iene se fortaleceu e as moedas emergentes foram perdedoras, ressalta ele. No Chile, o dólar chegou a subir 2% e, na África do Sul, avançava 1,5% no final da tarde. O real foi a terceira com pior desempenho entre os principais emergentes.

Índice da Bolsa de São Paulo renova máximas nesta quarta-feira. Foto: Werther Santana / Estadão