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Alta da taxa Selic reduz vendas a prazo

Segundo dados da Associação Comercial de São Paulo, as compras a prazo tiveram uma queda de 13,1% no último fim de semana em relação ao mesmo período do ano passado.

Por Agencia Estado
Atualização:

A elevação da taxa de juros pelo Banco Central na semana passada já teve impacto sobre as vendas do comércio. As compras a prazo tiveram uma queda de 13,1% no último fim de semana (dias 24 e 25) na comparação com o mesmo fim de semana de março do ano passado, segundo dados da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), com base no serviço de consultas da entidade. O recuo é significativo também em relação ao final de semana anterior (dias 17 e 18), chegando a -15,8%, e até sobre o último fim de semana de fevereiro, que coincidiu com o início do carnaval, quando as vendas em geral são fracas. Nesta comparação, a retração foi de 4,5%. A queda das vendas no final do mês é comum, pois está relacionada às datas de pagamento dos consumidores. Mas o recuo foi maior que o esperada pela associação. Os números, entretanto, ainda não alteraram as expectativas do comércio para este ano, que ainda conta com um crescimento de vendas de 8% a 10%, segundo o economista da ACSP, Emílio Alfieri. Também não vão alterar o resultado de março, porque a medida saiu no final do mês. Para ele, março deve registrar um aumento do crediário de cerca de 15% -- no acumulado do dia 1º ao dia 25, as consultas apontavam alta de 13%. O economista explicou que a elevação de 0,5 ponto porcentual na taxa Selic (juro básico da eocnomia) ainda não fez o comércio alterar as taxas do crediário, mas causou um efeito psicológico negativo, que se traduziu nos resultados deste final de semana. "A medida teve um impacto devastador sobre os ânimos dos consumidores e lojistas", disse. "Os anúncios do Banco Central funcionam como termômetro." Com a quebra da expectativa, o comércio também deve começar a negociar com fornecedores por prazos mais curtos, para se proteger. Para Alfieri, a mexida nos juros tirou o parâmetro do mercado para negociação. "Na incerteza, as empresas precificam para cima ou não operam", alertou. Como consequência, previu ele, os lojistas podem reduzir os prazos. Hoje, o prazo médio no comércio é de 8 meses. O economista avalia que o repasse da alta da Selic para o crediário nas próximas semanas estará condicionado a dois fatores: os resultados da inadimplência de março e abril e as turbulências no cenário externo, o que deve orientar as decisões do Copom. O crescimento do "calote" em janeiro e fevereiro já tinha feito alguns bancos e financeiras a elevar isoladamente as suas taxas. O nível de inadimplência medido pela associação passou de 5,7% em janeiro de 2000 para 9,6% em janeiro deste ano e de 8,4% em fevereiro de 2000 para 9,7% em fevereiro deste ano. Já o comportamento das vendas à vista não se alterou e ficou dentro das estimativas da ACSP. O número de consultas ao Telecheque registrou uma queda de 0,8% no último fim de semana em comparação ao mesmo período do ano passado e de 4,2% sobre o fim de semana anterior. Com relação ao último fim de semana de fevereiro, houve uma alta de 6,8%. Para o economista da FCESP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), Fábio Pina, as expectativas do comércio para este ano já estão comprometidos não só por causa da elevação da Selic mas também por que o crescimento econômico não deve ser tão vigoroso como se esperava. "O mercado deve ficar travado. Todos se retraem com cenário de incertezas", assinalou.

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