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Alta de imposto de importados pode render R$ 1,5 bi ao governo

Objetivo é reforçar o caixa do governo e ajudar a cumprir a meta fiscal, além de assegurar mais competitividade ao produto nacional

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Por Adriana Fernandes e João Villaverde
Atualização:

BRASÍLIA - Em pleno ano eleitoral, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, prepara um aumento de tributos que vai reforçar o caixa do governo e ajudar no cumprimento da meta fiscal. Segundo fonte da área econômica, a primeira medida que deverá sair do forno será a elevação do PIS e da Cofins sobre as importações.

Segundo apurou o Estado, a medida pode garantir uma arrecadação adicional de R$ 1,5 bilhão neste ano. O governo também prepara a taxação com o PIS e a Cofins das distribuidoras coligadas dos fabricantes de cosméticos. A elevação do PIS e da Cofins nas importações deverá garantir um reequilíbrio da tributação depois que o Supremo Tribunal Federal (STF), no ano passado, considerou inconstitucional a inclusão do ICMS na base de cálculo das importações. Assim, a Receita Federal foi obrigada a retirar o ICMS desse cálculo, mas, com a mudança, o produto nacional ficou em desvantagem em relação ao importado. Com a recalibragem das alíquotas dos importados, espera-se assegurar mais competitividade do produto nacional em relação ao importado. "É para logo", afirmou a fonte do governo. Na tentativa de mostrar confiança no pacote fiscal anunciado na quinta-feira, que prevê um corte de R$ 44 bilhões nas despesas do Orçamento, o ministro Mantega deu a senha nesta sexta-feira, 21, para a necessidade de elevação da carga tributária, durante conferência para analistas econômicos internacionais: "O aumento de impostos pode ocorrer", afirmou. Segundo ele, essa possibilidade é uma espécie de "reserva" que o governo tem para ser usada, se for necessário, para melhorar a arrecadação e alcançar a meta de superávit primário das contas públicas, fixada em 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB). Com aceno de alta de impostos, o governo procurou recuperar a confiança e mostrar que fará o que for necessário para garantir a meta, que já é considerada baixa pelos analistas. Numa mudança de tom de discurso, Mantega chegou a afirmar que, para o governo, é mais importante manter a solidez fiscal do que fazer uma política de estímulos econômicos. Até agora, a estratégia do governo era na direção contrária: reduzir impostos para aumentar o consumo e desonerar setores econômicos - medidas que contribuíram para a queda da arrecadação e prejudicaram as contas públicas.Reação. Líderes partidários da Câmara dos Deputados reagiram ao risco de aumento de impostos neste ano. "Aumento de impostos será difícil ser tratado em ano eleitoral. A carga tributária já está muito elevada", disse o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ). O líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA), insistiu que o governo precisa reduzir despesas e enxugar os 39 ministérios. O tucano lembrou que o governo vem batendo recordes de arrecadação e que aumento de impostos pune diretamente o contribuinte. "Ela (Dilma Rousseff) vai pelo caminho mais simples, que é sacrificar a população." (Colaborou Daiene Cardoso)

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