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Alta do dólar afeta resultados das empresas

A desvalorização cambial de 4,5% acumulada em outubro pode alterar os resultados das empresas. Analistas dizem que ainda cedo para falar sobre os números do próximo trimestre.

Por Agencia Estado
Atualização:

A desvalorização cambial de 4,5% acumulada em outubro, provocada pelo cenário internacional tumultuado com a questão do petróleo e a instabilidade na Argentina, está levando o mercado a questionar como podem ficar os resultados das empresas. Os especialistas apontam que ainda é cedo para falar em um efeito sensível nos números do próximo trimestre. Mas já é possível traçar quais seriam os impactos positivos e negativos nos balanços. Caso se concretize o cenário de alta na moeda norte-americana, analistas apontam que a Vale do Rio Doce, Aracruz, Companhia Siderúrgica Tubarão e Caemi serão as principais beneficiadas. O chefe de análise do Indosuez W.I.Carr, Alexandre Monteiro, lembrou que as empresas podem tirar proveito dessa situação por serem grandes exportadoras. Segundo ele, a oportunidade é evidente para aquelas que têm a arrecadação de receita em dólar e os custos fixos de produção em real. No caso da Vale, cerca de 55% de sua receita é proveniente de vendas para o mercado internacional. Aracruz, por sua vez, exporta 95% do total da sua produção. O analista do BBA Icatu, Paolo Di Sora, afirmou que ainda é difícil falar em impacto. Na opinião dele, para que haja uma alteração no patamar de rentabilidade das empresas é necessário uma desvalorização de aproximadamente 10% da moeda nacional. Antes disso, afirmou, o efeito, descontada a inflação, não é claro. No setor de papel e celulose, a maioria das empresas podem se beneficiar com uma possível desvalorização cambial, comentou a analista Catarina Pedrosa, do BBVA. Mas ela ressaltou que a Aracruz sente mais o impacto, pois exporta praticamente toda a produção. Empresas prejudicadas As empresas que seriam prejudicadas por uma possível valorização do dólar frente ao real são aquelas que possuem endividamento em moeda americana. Mesmo assim, o chefe de pesquisa do Deutsche, Roberto Rocha, destacou que a situação seria muito diferente daquela verificada no início do ano passado, quando as empresas viveram "a prova de fogo", com a maxi desvalorização. Entre as principais prejudicadas, destacam-se as companhias do setor de energia elétrica. O analista da Sudameris Corretora, Marcos Severine, lembrou que no caso das elétricas existe ainda um outro fator negativo: a compra de energia de Itaipu, que é cotada em dólar. Com relação à dívida, Severine afirmou que as principais prejudicadas seriam Cesp e Light e, em menor grau, Eletropaulo Metropolitana e Cemig. Segundo as projeções do analista, a Cesp deve registrar prejuízo de R$ 110,8 milhões neste ano se o dólar ficar em R$ 1,86. Quando a cotação para o dólar é alterada para R$ 1,95, os cálculos do analista apontam um prejuízo de R$ 400 milhões no ano.

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