PUBLICIDADE

Alta do dólar leva indústria a reduzir produção

Por Agencia Estado
Atualização:

Pelo menos duas empresas fabricantes de componentes eletrônicos para o setor de informática já estão em férias coletivas. A Samsung e a LG decidiram reduzir a produção de cinescópios (tubos de imagem) e de monitores para diminuir a exposição ao dólar e aumentar o poder de barganha na queda-de-braço com clientes. Sem conseguirem repassar o aumento de custo dos insumos importados, fabricantes de produtos eletroeletrônicos e computadores, entre outros, prometem agir com firmeza nas negociações de preços neste Natal. Eles querem reajuste de 20% a 30%, dependendo do item. O problema pode levar à escassez de produtos, caso haja uma forte recuperação do consumo depois das eleições. Os 270 funcionários da área de monitores da fábrica de cinescópios da Samsung, instalada na Zona Franca de Manaus, entram amanhã em férias coletivas de 22 dias. De acordo com o secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos do Estado do Amazonas, Waldemir Santana, a alta do dólar é uma das alegações apresentadas pela empresas para justificar a paralisação. A fábrica deve deixar de produzir de 300 mil a 400 mil cinescópios para monitores, segundo estimativa do sindicato. Desde a semana passada, a LG Eletronics paralisou a produção de monitores para computadores e anunciou férias coletivas para os 400 metalúrgicos da fábrica de Taubaté (SP). A empresa concedeu licença remunerada para os funcionários até o dia 7, quando terão início as férias coletivas, previstas para durar até o dia 18. A LG informou que a medida visa adequar a produção das linhas de monitores à retração do mercado. Com a parada, a fábrica vai deixar de produzir cerca de 40 mil monitores. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, a empresa estuda suspender também a produção de 24 mil unidades de CD-ROM, com a desativação das duas linhas de produção. Ritmo menor Também a Semp Toshiba anunciou na semana passada uma redução de 20% na produção de aparelhos de imagem e som e de 30% na de artigos de informática. A empresa já tinha diminuído o ritmo de produção em 20% no fim de julho. O presidente do Grupo Semp Toshiba, Afonso Antônio Hennel, diz que os preços precisam ser reajustados em cerca de 20%, para compensar o aumento de custos em dólar. "Isso não significa que vamos conseguir, mas nós temos de olhar com firmeza para essa possibilidade." Para o diretor de Mercadorias do Carrefour, Luiz Carlos Costa, a ameaça dos fabricantes, de reduzir ainda mais a produção caso o varejo não aceite os reajustes, tem um pouco de jogo de cena. Segundo ele, a indústria tem de vender, senão será obrigada a fechar fábricas. "Algum reajuste teremos de aceitar, mas não tudo, porque o consumidor não tem capacidade para absorver todo o aumento do dólar", observa. Nas negociações com os fabricantes de produtos da chamada linha branca (geladeiras, fogões, freezers e lavadoras), que já foram concluídas, a rede aceitou reajustes médios de 8%. O supervisor-geral da Lojas Cem, Valdemir Colleone, diz que a rede tem estoques para mais de 60 dias e não vai fechar negócios com o dólar em níveis tão altos. "Se o dólar continuar nesse patamar, não vai ter Natal. A renda do consumidor não aumentou, e quem deixou de comprar TV de R$ 400 há alguns meses não vai pagar agora R$ 520 pelo mesmo aparelho", diz Colleone.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.