BRASÍLIA - A desvalorização do real ante o dólar pode suscitar preocupações quanto à capacidade de pagamento das empresas, mas uma avaliação mais detalhada aponta para riscos controlados numa perspectiva agregada do Sistema Financeiro Nacional (SFN). Este quadro foi desenhado no Relatório de Estabilidade Financeira (REF), divulgado nesta quinta-feira, 1º, pelo Banco Central.
"Observa-se que parte significativa da dívida vinculada a moeda estrangeira refere-se a empresas exportadoras, que possuem hedge natural relativo à sua atividade operacional, a companhias que utilizam o mercado de derivativos local para proteger suas exposições, a corporações que pertencem a um grupo econômico com sede no exterior, o que aumentaria a possibilidade de suporte financeiro intragrupo, e, ainda, a firmas com ativos no exterior em montante relevante, que possam compensar ou justificar economicamente a exposição em moeda estrangeira", citou o documento.
O grupo de devedores que não possui proteção cambial relevante e conhecida é restrito, de acordo com o REF. A exposição em moeda estrangeira dessas empresas aumentou de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em dezembro de 2014 para 3,3% em junho de 2015, refletindo a desvalorização do real no período.
Para esse grupo de empresas não exportadoras, sem hedge financeiro identificado, sem suporte intragrupo e sem ativos no exterior, o impacto da variação cambial em suas dívidas pode resultar em fragilidade financeira, de acordo com o BC. Ainda que até o momento não tenha se traduzido em aumento de sua inadimplência no SFN, trata-se de situação "continuamente monitorada" pela instituição, trouxe o REF.