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Alta do dólar tem pouco efeito sobre varejo

A oscilação do dólar reflete pouco sobre os preços no varejo. O perigo está quando é constatada uma trajetória de alta contínua da moeda, já que é repassada ao consumidor. Já os lojistas, que trabalham com estoque, podem segurar seus preços.

Por Agencia Estado
Atualização:

A oscilação que a moeda norte-americana vem apresentando tem poucos efeitos diretos sobre os preços ao consumidor. Ontem, o dólar fechou em R$ 2,063, em alta de 0,15% - no ano, a valorização atinge 5,74%. No entanto, enquanto a cotação do dólar se mantiver em níveis próximos a R$ 2,00, há pouca chance de o consumidor ser prejudicado com reajustes nos preços exclusivamente por causa do câmbio. De acordo com o economista da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), as oscilações do câmbio têm pouco efeito direto sobre preços ao consumidor. Para ele, o que exerce pressão sobre os preços é, se constatada, uma trajetória continuamente crescente da cotação da moeda norte-americana. Isso faria, por exemplo, com que o varejo repasse custos para o consumidor, já que, em geral, as encomendas baseadas na moeda americana são feitas com antecedência de mais de um mês. Como trabalham com estoque, o lojista e supermercadista podem adiar ou adiantar pedidos de compra em função de cotações mais atraentes da moeda. Essa também é a explicação do diretor de produtos importados e marcas próprias do Pão de Açúcar, Fábio Pando. "Temos estoques e não alteramos preços no dia seguinte à mudança do câmbio", diz. Ele lembra que em janeiro de 1999, quando houve a desvalorização cambial, vários produtos importados pela rede só tiveram seus preços reajustados cerca de cinco meses mais tarde, porque os estoques permitiram este equilíbrio. Eletroeletrônicos importados A alta do dólar e a turbulência do mercado financeiro internacional atingiram nos últimos dias os negócios da Import Express, loja de eletroeletrônicos e eletrodomésticos da linha branca importados, destinados ao consumidor de maior poder aquisitivo. "Não estou negociando nada nesta fase turbulenta e especulativa, onde não se sabe direito para que lado estão atirando", resume o diretor da empresa, com cinco lojas, Gilberto Asmar. Para manter as vendas, por enquanto, ele decidiu evitar a correção de preços. "A taxa de câmbio ideal deveria ser entre R$ 1,90 e R$ 1,95. Acima disto é especulação", diz. A base do dólar que Asmar está usando é de R$ 1,88, mas ele deixa claro que se a moeda norte-americana se estabilizar num patamar acima de R$ 2,00, terá de subir seus preços.

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