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Alta do IPCA no ano chega a 3,69%

Puxado pelos alimentos, índice oficial de inflação do País sobe 0,38% em novembro e supera projeção de analistas

Por Jacqueline Farid
Atualização:

Os preços dos alimentos dispararam mais uma vez em novembro e elevaram a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 0,38%, acima da taxa de outubro (0,30%) e do teto das estimativas do mercado financeiro (0,33%). A alta dos produtos alimentícios em 2007 será a maior apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 2002, segundo mostram os resultados acumulados entre janeiro e novembro. O IPCA aproximou-se do centro da meta de 4,5% definida pelo governo para este ano. Em 12 meses até novembro, o índice acumula alta de 4,19% e, de janeiro a novembro, a variação é de 3,69%. "A história da inflação de 2007 será marcada pelo aumento mais forte dos alimentos, em razão de questões climáticas, aumento das exportações e também alguma pressão de consumo", disse a coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos. Para ela, no entanto, não há risco de a inflação superar o centro da meta. Segundo Eulina, o IPCA em 12 meses chegou mais perto de 4,5% do que estava antes, mas a inflação de dezembro do ano passado foi alta, de 0,48%. "Então, mesmo que esse número se repita no último mês deste ano, ainda ficaremos em 4,19%", observou. FEIJÃO CARIOCA De janeiro a novembro, os produtos alimentícios acumulam alta de 8,55%, muito superior ao aumento de 1,23% em todo o ano de 2006 e já acima da alta de 7,48% de 2003. Em 2002, os alimentos subiram 19,47%. O grupo, sozinho, respondeu por 1,76 ponto porcentual, ou quase metade do IPCA de 3,69% acumulado neste ano. Entre os 10 produtos alimentícios com maior impacto no grupo de alimentos em 2007, o líder em magnitude de reajuste é o feijão carioca (76,29%), seguido pelo leite em pó (47,15%) e pelo leite pasteurizado (18,93%). De outro lado, disse Eulina, os preços administrados têm dado forte contribuição para conter a inflação no ano, sobretudo a energia elétrica, que registra, no acumulado de janeiro a novembro, uma queda de 5,80%. O telefone fixo, outro item de forte peso no IPCA, registrou variação de apenas 0,34% no período. Os combustíveis também têm sido cruciais para evitar aumentos mais fortes no IPCA. A gasolina acumula, de janeiro a novembro, deflação de 1,71% e o álcool, de 6,21%. Especificamente em novembro, os alimentos registraram alta de 0,73% e foram o principal grupo responsável (com contribuição de 0,16 ponto porcentual) pela elevação do IPCA no mês. A maior contribuição individual (0,10 ponto porcentual) para o índice foi dada pelas carnes, que aumentaram 5,71%. Outra pressão sobre o índice foi dada pela gasolina, cujo reajuste passou de 0,36% em outubro para 0,64% em novembro. Por sua vez, ajudaram a conter o IPCA em novembro a deflação apurada no leite pasteurizado (-6,84%), e a desaceleração no grupo de vestuário, cuja alta passou de 0,72% em outubro para 0,55% em novembro. PERSPECTIVA Para Eulina e analistas econômicos, a inflação não deverá mostrar recuo significativo em dezembro. Em documento, os economistas da LCA Consultores destacam que "muitos dos fatores (basicamente sazonais) responsáveis pelo repique recente de alimentos e combustíveis deverão persistir em dezembro". Eles revisaram a projeção do IPCA para o último mês deste ano de 0,35% para 0,40% e a inflação acumulada em 2007 de 3,9% para 4,1%. O economista da Rosenberg & Associados Luís Fernando Azevedo acredita que, para dezembro, o índice deva fechar próximo de 0,50%. Gian Barbosa, da Tendências Consultoria, também espera uma inflação de 0,50% em dezembro e de 4,20% no acumulado de 2007. De acordo com Eulina, a inflação de dezembro não mostra sinais de recuo significativo em relação a novembro. Ele explicou que há "impressão de continuidade de aumentos" no álcool e em alguns produtos alimentícios, como carnes e feijão. COLABORARAM FRANCISCO CARLOS DE ASSIS E FLÁVIO LEONEL

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