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Alta do risco país reflete aversão generalizada aos emergentes

Por Agencia Estado
Atualização:

A significativa deterioração dos níveis de risco Brasil, que hoje chegou a marca dos 1.595 pontos base pelo índice EMBI, do banco JP Morgan, superando o índice da Nigéria, de 1588, não é explicada somente pelo estresse do mercado doméstico, ainda que ele continue sendo citado como principal motivo. De acordo com especialistas consultados pela Agência Estado, toma curso um movimento de aversão generalizada dos investidores em relação aos mercados emergentes que também está afetando esse nível de risco. "Essa aversão não afeta somente o Brasil, mas também mercados mais sólidos como o do México e o da Rússia. É uma aversão aos "emerging markets" como um todo", comenta o economista chefe do JP Morgan, Luís Fernando Lopes. "Iniciou-se um movimento generalizado de aversão ao risco dos mercados emergentes", reforça o economista Affonso Celso Pastore, citando como exemplo a deterioração recente do risco da Túrquia, outro importante indicador dos emergentes. Esse movimento assumiu contornos mais claros, segundo os analistas, a partir de ontem, quando os preços de um dos principais indicadores do mercado de dívida dos emergentes, o Russia-30, registrou uma forte queda para uma faixa de 67 centavos por dólar, ante um nível anterior superior aos 70 centavos por dólar. Ainda que seja um movimento que tenha tomado força nestes últimos dias, os analistas atribuem essa aversão ao risco dos mercados emergentes a uma conjunção de fatores negativos no cenário externo, particularmente as crescentes dúvidas sobre a recuperação da economia norte-americana. "Esse é o pano de fundo que não ajuda. Temos um contexto mundial em que há sérias dúvidas sobre a recuperação da economia americana, aliada a uma preocupação em relação ao dólar, que tem registrado forte desvalorização frente a outras principais moedas como o euro e o iene", explica o economista chefe do Bank of America, Marcelo Carvalho. Ele acrescenta ao rol das incertezas os resultados de contas externas e fiscais nos EUA, a derrocada da Nasdaq - classificada no mesmo nível de risco dos mercados emergentes, ao lado das empresas americanas de maior risco - e as preocupações com o petróleo e com os conflitos no Oriente Médio. "Esse é o caldo de cultura que está provocando essa aversão generalizada", comenta Carvalho, ponderando que o principal motivo para a deterioração do risco Brasil, proporcionalmente superior aos demais emergentes, continua sendo o doméstico. Também alimenta esse aumento dos riscos dos mercados emergentes a queda que os juros dos títulos do Tesouro norte-americano estão registrando em função da maior procura por esses títulos, de investidores que estão deixando os riscos - e os prejuízos - da renda variável nos EUA para a renda fixa. A base do cálculo do risco país é o spread (diferença entre preço de oferta, compra e venda) entre o preço pago pelos títulos americanos e o preço (ou prêmio) pago pelos títulos emergentes. Um risco país de 1595 pontos significa que o investidor aceita pagar 15,95% acima do valor de face de um título do Tesouro norte-americano.

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