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Alta dos alimentos responde por mais de 50% da inflação

IPC-S subiu 4,22% nos 12 meses encerrados em março; 2,4 pontos porcentuais vieram do grupo alimentação

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Por Márcia De Chiara
Atualização:

Mais da metade da inflação ao consumidor registrada nos últimos 12 meses veio do gasto com alimentos nos supermercados e foi sentida especialmente pela população de menor poder aquisitivo, que desembolsa uma fatia maior da renda com comida. Entre abril de 2007 e março deste ano, o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), um dos termômetros da inflação em sete capitais brasileiras, aumentou 4,22%. A alimentação contribuiu com 2,4 pontos porcentuais para a alta do índice, com elevação de 8,80% nos preços dos produtos alimentícios. O campeão de alta foi o feijão carioquinha, cujo preço aumentou 69,8% em 12 meses, seguido pelo óleo de soja (57,1%), carnes bovinas (21,9%), farinha de trigo (21,2%) e laticínios (15,12%), entre outros produtos."Os custos da alimentação básica pressionaram a inflação até agora, cada produto com uma história diferente", observa o coordenador do índice, Paulo Picchetti. Preocupados com o avanço dos preços do trigo, que subiram 120% em dólar na Bolsa de Chicago nos últimos 12 meses, e o corte nas exportações argentinas para o Brasil, a cadeia produtiva do setor, por exemplo, vai anunciar amanhã os pleitos que encaminhará ao governo para atenuar as altas nos preços da farinha, das massas, dos pães e biscoitos. Apesar do avanço das cotações dos alimentos, Picchetti não prevê aceleração no nível de preços da comida ao longo do ano. "Todas as previsões de safras brasileiras são ótimas e as variações dos preços dos gêneros alimentícios estão sendo mantidas desde janeiro." Para o diretor da RC Consultores, Fábio Silveira, a disparada dos preços dos alimentos, que impulsionou os índices de inflação no começo deste ano e deve continuar pressionando os indicadores de preços no varejo até junho, é uma fotografia do passado, que reflete o aumento dos preços das commodities entre novembro e fevereiro, puxado pela aposta dos fundos de investimento nesses itens. "Vários preços já estão em queda nos mercados futuros", diz Silveira. Ele observa que, de fevereiro para abril, o açúcar e a soja recuaram 8% em dólar no mercado internacional. O café ficou 14% mais barato, o farelo de soja teve queda de 7% e a cotação do óleo de soja diminuiu 5%. O recuo dessas commodities deve ter reflexos na inflação ao consumidor a partir do segundo semestre. Picchetti e Silveira dizem que disparada dos preços dos alimentos não é motivo para que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central suba os juros básicos da economia, hoje em 11,25% ao ano, nesta semana. "O Copom não entende a dinâmica dos preços dos alimentos. É preciso subir os juros na China para esfriar a demanda naquele país, não no Brasil", diz Silveira. Ele observa que, além de as cotações das commodities agrícolas nos mercados futuros já ter recuado, outro fator que deverá contribuir para atenuar a alta dos alimentos nos próximos meses é a desaceleração na economia americana. NÚMEROS 69,8% foi quanto subiu o preço do feijão nos 12 meses até março 57,1% foi o aumento do óleo de soja entre abril de 2007 e março de 2008 9,4% foi a alta do preço do pãozinho e do biscoito

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