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Aluguel residencial sobe 1,86% em janeiro, aponta FGV

Taxa ficou em 1,23% no período de 12 meses encerrados em janeiro

Por Vinicius Neder
Atualização:

RIO – Os aluguéis residenciais ficaram 1,86% mais caros em janeiro, depois de já terem subido 0,66% em dezembro de 2021. Os dados são do Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (Ivar), divulgado nesta quinta, 9, pela Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

Em um ano, no acumulado em 12 meses, o índice aponta um aumento médio de 1,23%. Em 2021, o Ivar fechou com queda de 0,61%, após subir 4,08% em 2020.

Prédio com apartamentos à venda e para aluguel; o preço do aluguel residencial sobiu1,86% em janeiro Foto: Werther Santana/Estadão

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O Ivar foi lançado no mês passado para medir a evolução mensal dos valores de aluguéis residenciais no País, a partir de dados sobre os mercados de quatro capitais (São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Porto Alegre).

Em janeiro, houve alta nas quatro capitais pesquisadas pelo novo índice da FGV, com aceleração ante dezembro de 2021. O aluguel residencial em São Paulo passou de aumento de 0,48% em dezembro para um salto de 2,45% em janeiro. No Rio, o índice saiu de alta de 1,03% em dezembro para alta de 1,30% em janeiro; em Belo Horizonte, passou de 1,17% para 2,08%; e em Porto Alegre, de 0,43% para 1,06%.

Componente sazonal

Segundo Paulo Picchetti, pesquisador do Ibre/FGV, a aceleração dos reajustes tem componentes sazonais, responde à elevação da inflação e a dinâmicas da pandemia, mas não deve ser tomada como tendência para 2022. O componente sazonal foi identificado na análise da série histórica do Ivar para São Paulo, iniciada quatro anos atrás, que aponta para um viés de alta nos dois primeiros meses de cada ano. Conforme o pesquisador, os dados não sugerem uma explicação para o padrão.

“O começo do ano tem um efeito de organização e mudanças de vida. Isso pode explicar essa sazonalidade, mas é apenas uma conjectura”, afirmou Picchetti.

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Independentemente do padrão sazonal, o pesquisador citou outras duas possíveis explicações para a aceleração dos reajustes de aluguel residencial em janeiro. Uma delas é um fenômeno associado à pandemia de covid-19. Com o trabalho e o ensino remotos, houve um movimento de trabalhadores e estudantes de deixar os centros urbanos, seja em busca de qualidade de vida ou de volta a cidades natais, que pode estar sendo revertido nessa virada do ano. Eventual retorno dessas pessoas para os centros urbanos significa demanda ligeiramente maior por aluguel de moradias, elevando os preços.

A segunda explicação de Picchetti tem a ver com a inflação. Ainda que o IGP-M, índice de preços mais utilizado na correção de preços dos contratos de aluguel, esteja sendo gradualmente deixado de lado, substituído por indicadores com variações menos expressivas, a elevação da inflação cria uma pressão. Ao longo da pandemia, as renegociações de contratos prevaleceram sobre a aplicação simples da correção, lembrou o pesquisador. Isso ocorreu especialmente nos momentos de disparada do IGP-M. Agora, como até os índices de preços ao consumidor estão na casa de 10%, mesmo que haja renegociação de contratos, os reajustes ficam mais elevados.

Picchetti ponderou, por outro lado, que a aceleração do Ivar neste início de ano poderá não servir de tendência para 2022 como um todo. O mercado imobiliário não está aquecido a ponto de desequilibrar a relação entre a oferta de imóveis para alugar e a demanda das famílias por moradias alugadas. Do lado da demanda, Picchetti lembrou que a recuperação de empregos nos últimos meses tem sido acompanhada por queda nos rendimentos do trabalho, apertando os orçamentos domésticos.

“As condições do mercado de trabalho, ao longo de 2022, não são compatíveis com inquilinos aceitando reajustes. A recomposição do emprego que não foi acompanhada de recomposição na renda”, afirmou Picchetti.

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