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Depois de saída anunciada por secretário, Mansueto diz que não vai deixar governo

Mansueto Almeida afirma que, quando sair, vai comunicar Paulo Guedes com meses de antecedência; ministro fará troca de cadeiras na equipe após avaliação de desempenho

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Por Adriana Fernandes
Atualização:

BRASÍLIA - O secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, informou ao Estado que está trabalhando normalmente e não vai deixar o governo. “Estou aqui para contribuir”, disse ele nesta terça-feira, 3, por telefone. Mais uma vez o secretário garantiu que quando deixar o governo vai comunicar o ministro da Economia, Paulo Guedes, com antecedência de “meses”.

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Mais cedo, o secretário de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, afirmou à Bloomberg TV que Mansueto deixará o órgão nos próximos meses. Mansueto negou.

Como antecipou o Estado na sexta, quando sair, Mansueto deve assumir a secretaria-executiva do Conselho Fiscal da República, previsto na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do pacto federativo.

Ele já manifestou ao ministro o desejo de deixar o governo depois de um período longo na equipe econômica (ele é remanescente do time do ex-presidente Michel Temer). A interlocutores, Guedes tem dito que Mansueto é o "eleito" para ser o fiador da nova governança fiscal que será criada, depois da aprovação das PECs do pacote econômico entregue em novembro ao Congresso.

O secetário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil - 28/11/2019

 

Cansado

À tarde, Mansueto reiterou a jornalistas que continuará no governo. Disse que só assumirá o Conselho Fiscal da República se puder acumular o cargo com o que exerce atualmente. “Estou decidido a continuar no Tesouro Nacional. Não [pedi para sair do governo], o que falei é que tem hora que me sinto cansado. Já falei que não me vejo envelhecendo no governo e que [o ministro da Economia, Paulo] Guedes será o último ministro para quem trabalharei. Mas se um dia for sair, vou avisar com antecedência”, afirmou.

“Por mim, Mansueto fica até o fim do governo. Cada quadro valioso e experiente, como o Mansueto, é extremamente importante para a equipe”, disse Rodrigues. 

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Os dois secretários foram até o comitê de imprensa do Ministério da Fazenda para prestar esclarecimentos. O secretário do Tesouro confirmou que Guedes falou de ele assumir o Conselho Fiscal da República, órgão que terá representantes do Executivo, Legislativo e Judiciário. “Disse que quero ficar no Tesouro Nacional. Falei pro ministro que só me interessa assumir o Conselho Fiscal se puder acumular com o Tesouro Nacional”, completou.

Mansueto ainda disse que já brigou “várias vezes” com o próprio Waldery e que toda a equipe do Ministério da Economia tem discussões técnicas “muito profundas”. “Não podemos ter medo do debate”, completou.

Avaliação da equipe

Como mostrou o Estado, passado um ano de governo, Guedes vai promover uma troca de cadeiras após uma avaliação do desempenho da equipe e das metas da agenda econômica que foram traçadas ainda na transição. Ele já avisou a equipe que fará essa avaliação e poderá fazer um "giro" de alguns integrantes do grupo para oxigenar determinadas áreas do Ministério da Economia.

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Uma mudança que já está acertada e deverá ser anunciada em breve é a transferência do secretário-adjunto da Secretaria Especial de Fazenda, Esteves Colnago, para o gabinete de Guedes. Colnago vai reforçar o time da articulação com o Congresso para aprovação do rol de novas reformas enviadas pela equipe econômica.

Ex-ministro do Planejamento no governo Michel Temer, Colnago trabalhou na elaboração do texto das propostas e ganhou a confiança de Guedes.

O ministério da Economia está reforçando a integração com o ministro da secretaria de governo, Luiz Eduardo Ramos, para melhorar a dobradinha da articulação em 2020. A ideia de Ramos e Guedes é que as assessorias parlamentares dos dois ministérios trabalhem de forma mais integrada e Colnago ficará com as relações institucionais.

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Organismos internacionais

Novas mudanças também podem ocorrer com a janela de troca de vagas de organismos internacionais que se abrirá nos próximos meses. O atual secretário de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais, Marcos Troyjo, é cotado para uma vaga no banco do Brics (o grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Ele é um dos maiores conhecedores do Brics e tem recebido elogios de Guedes pela sua atuação nas negociações internacionais.

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O secretário especial de Produtividade, Carlos Alexandre da Costa, também é cotado para uma vaga que vai abrir no Banco Interamericano (BID). Envolvido em polêmicas, ele sempre contou com o apoio do ministro.

O assessor especial do ministro, Caio Megale, que já foi da equipe de Carlos da Costa, vai ocupar uma diretoria na secretaria especial de Fazenda comandada por Waldery Rodrigues. Segundo fontes, Megale será absorvido no lugar de um dos diretores que vai para o lugar de Colnago.

Waldery é considerado um integrante que trabalha na "defesa" e deve continuar no cargo. O diretor do Departamento de FGTS, Igor Villas Boas de Freitas, da equipe de Waldery, deixará o cargo.

Fontes afirmaram que o processo de avaliação ainda não foi feito. E, portanto, não há decisão de trocas, além das já acertadas, como Megale e Colnago. Para Guedes, esse processo de avaliação é natural e tem a ver com a forma de gestão implementada por ele. Como em uma empresa privada, se avalia o que foi bem e não tão bem na agenda. Até a própria estrutura do Ministério pode sofrer novos rearranjos depois da experiência de um ano da fusão do Ministério da Economia, que reuniu em um mesmo ministério áreas que antes pertenciam a outros cinco./COLABORARAM LORENNA RODRIGUES E EDUARDO RODRIGUES 

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