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Ambev dá os primeiros passos no mercado de vinhos no Brasil

Companhia vai importar vinhos de vinícola argentina da qual é dona, que serão distribuídos na plataforma Zé Delivery; mercado crê que movimento pode ser teste para uma aposta maior no setor

Por Suzana Barelli
Atualização:

A gigante das bebidas Ambev está entrando no mercado de vinhos no Brasil. O primeiro lote de 311 mil garrafas do vinho argentino Dante Robino, vinícola argentina que pertence à cervejaria, estará disponível a partir de julho na plataforma Zé Delivery, aplicativo da própria Ambev, que entrega bebidas em mais de 200 cidades do Brasil.

São três vinhos, um branco elaborado com a uva chardonnay, e dois tintos, um malbec e um cabernet sauvignon; além de dois espumantes, um brut e outro demi-sec (doce). O aplicativo Zé Delivery, com a proposta de entregar bebidas geladas e a preços de mercado em até uma hora na casa dos clientes, já trabalha com vinhos, importados por terceiros. Uma seleção do e-commerce Wine lidera as opções de brancos e tintos do Zé Delivery, que tem também rótulos mais simples como a linha Reservado, da Concha y Toro, e vinhos em lata. 

O consumo de vinho, que começou a crescer no Brasil no início da pandemia, continua em alta. Foto: Pixabay

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“O vinho foi o grande beneficiado desta pandemia, e os grandes players de bebida estão estudando maneiras de entrar neste mercado”, analisa Rodrigo Lanari, representante brasileiro da consultoria inglesa Wine Intelligence/IWSR. Segundo ele, isso não significa que o segmento de cervejas esteja em crise, muito pelo contrário, mas que as grandes companhias de bebida estão acompanhando mais de perto o mercado de vinho no Brasil e maneiras de engajar consumidores. “Na operação da Ambev, pode caber não apenas a distribuição em garrafas, mas também os vinhos em lata, que são uma forte tendência”, destaca o consultor.

A Ambev informa que a importação é restrita ao Zé Delivery. Mas os dados do mercado brasileiro podem fazê-la mudar de ideia. De acordo com a Ideal Consulting, o consumo de vinho, que começou a crescer no Brasil no início da pandemia, continua em alta. Nos primeiros quatro meses deste ano, comparado com igual período de 2020, há um aumento de 5% na soma entre a importação de vinhos e o que foi comercializado das vinícolas brasileiras. Ao todo, são 105,3 milhões de litros da bebida nestes quatro meses, contra 100,2 milhões de litros de janeiro a abril do ano passado. As importações lideram essa alta, com aumento de 35,9% nestes quatro meses de 2021.

Marca já é forte no Brasil

Os vinhos e os espumantes da Dante Robino são conhecidos no Brasil. Eles são importados desde 2005 pela Grand Cru, que o comercializa em seus canais de venda. A marca é a quinta vinícola argentina no ranking da Grand Cru que, de origem argentina, traz muitos vinhos do país do tango para cá, como Viña Cobos, Família Zuccardi, Escorihuela Gascon e Pulenta. 

A Dante Robino representa 5% do faturamento da empresa, em volume, e 3% em valor – no ano passado, o faturamento da Grand Cru foi de R$ 230 milhões. A importadora tem exclusividade para a venda destes rótulos no mercado brasileiro e não foi comunicada da operação da Ambev. A vinícola argentina foi comprada pela Ambev no início do ano passado e marcou o início das atividades da cervejaria com vinhos na América do Sul. É o segundo grande investimento em vinhos do grupo. Em junho de 2019, a ZX Ventures, divisão global de inovação do grupo AB Inbev, havia comprado a Babe Wine, empresa que comercializa vinhos em lata e que tem sede em Nova York. A marca é um sucesso de vendas no mercado norte-americano.

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A transação da Dante Robino foi realizada pela Quilmes, subsidiária do grupo na Argentina e, na época, o valor da transação não foi revelado. A vinícola tem 400 hectares de vinhedos nas regiões de Lujan de Cuyo, Barrancas e Santa Rosa, todos em Mendoza. Além dos vinhos em garrafa, a Dante Robino lançou o vinho em lata Blasfemia, com venda, por enquanto, restrita ao mercado argentino.

A Ambev já vem sondando o mercado de vinhos no Brasil há algum tempo. Em 2016, executivos da cervejaria chegaram a analisar o peculiar mercado de importação de vinhos no Brasil. “A Ambev até importou alguns rótulos da Europa para entender a operação”, conta um consultor que acompanhou a operação na época. Mas, naquela época, o plano não foi para frente.

A gigante das bebidas – dona de marcas como Skol, Antarctica e Brahma – tem também testado novos modelos de distribuição além do varejo tradicional. Entre seus projetos estão o próprio Zé Delivery (que atende o cliente em uma série de bebidas), o Sempre em Casa (um clube de assinaturas de cervejas especiais) e uma operação de quiosques em forma de contêiner, geralmente presentes em postos de gasolina (Pit Stop Skol).

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