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Ambiente externo favorável ainda é incógnita para emergentes

Segundo analistas, incertezas em torno da inflação norte-americana ainda sobrevivem, apesar dos dados favoráveis divulgados nesta semana

Por Agencia Estado
Atualização:

Após os índices de inflação ao produtor (PPI) e consumidor (CPI) divulgados nesta semana terem mostrado um comportamento mais benigno para a remarcação dos preços nos Estados Unidos, reforçando a aposta de que o ciclo de aperto monetário foi finalmente encerrado, analistas estrangeiros acreditam que os mercados emergentes reúnem condições de manter uma performance positiva no curto prazo. Mas muitos alertam que a sobrevivência desse ambiente favorável a partir de setembro ainda é uma grande incógnita. As incertezas em torno da inflação norte-americana ainda sobrevivem e novos indicadores poderão reverter as expectativas formatadas nos últimos dias. Além disso, continua o temor de que a queda no ritmo de atividade nos Estados Unidos seja maior do que o esperado, elevando o risco de uma recessão em 2007. Dados recentes que mostram uma forte desaceleração no mercado imobiliário reforçam esse risco. Dominic Wilson, analista do banco Goldman Sachs, observa que o PPI e CPI aliviaram as preocupações em torno da credibilidade do Federal Reserve no combate à inflação. Segundo ele, a perspectiva de que os juros atingiram seu pico renovou, pelo menos temporariamente o interesse pelas operações de carregamento no real brasileiro e no dólar da Nova Zelândia, além de outras moedas emergentes. Crescimento desacelerado Wilson prevê que o Fed cortará 1,25 ponto porcentual dos juros no próximo ano. "O fator chave para a continuidade dessa tendência serão novos sinais de que o crescimento está de desacelerando no ritmo que esperamos", disse. "Os últimos dias forneceram uma forte confirmação do dano sobre o setor imobiliário, com dados piores do que os já esperados." Wilson observa que ainda não há sinais claros de que o desaquecimento no setor imobiliário está se espalhando no restante da economia. "Mas estamos nos aproximando de um ponto no qual há uma crescente chance disso acontecer", afirmou. "Entramos agora num período morto de indicadores nos Estados Unidos e apenas os dados de atividade no início de setembro serão capazes de atualizar a situação." Gene Frieda, estrategista-chefe para mercados emergentes do Royal Bank of Scotland, demonstra ceticismo com o fôlego da recente alta das bolsas norte-americanas. "O caso de crescimento menor com inércia inflacionária nos Estados Unidos está ganhando terreno", disse. No entanto, ele vê espaço para novos ganhos nos ativos emergentes nas próximas duas semanas, liderados pelas bolsas de valores, antes "que a nova rodada de preocupação com o CPI se instale" nos mercados. Entre as moedas que poderão se beneficiar "do final dessa alta de verão", ele destaca do real brasileiro.

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