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Ambiente externo pode dificultar concessões

Piora no sistema financeiro internacional pode emperrar a obtenção de financiamento para o programa de concessões de rodovias e ferrovias

Por Lu Aiko Otta e BRASÍLIA
Atualização:

A piora no ambiente financeiro internacional poderá dificultar a obtenção de financiamento para as empresas que ingressarem no programa de concessões de rodovias e ferrovias. "A parte externa pode ser afetada, mas não é nada que vá atrapalhar o programa", avaliou o presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon), Rodolpho Tourinho, que tem atuado como ponte entre governo e empresas. A tranquilidade decorre do fato de que os investimentos serão financiados majoritariamente por bancos estatais.Assim, a tendência é de que haja um crescimento mais acentuado da participação dos bancos oficiais na concessão de crédito. Estimativas do Banco Central indicam que o crédito de bancos públicos deverá aumentar 22% este ano, ante expansão de 10% registrada em 2012. Pelo desenho atual do programa de logística, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal vão fornecer até 70% do capital necessário aos investimentos, estimados em R$ 133 bilhões, uma cifra que está em revisão para cima. Na semana passada, os detalhes operacionais dessa participação foram discutidos com o ministro da Fazenda, Guido Mantega.A avaliação de Tourinho é que esse aspecto do programa está bem encaminhado. Principalmente depois que o governo aceitou que o próprio empreendimento seja oferecido como garantia dos empréstimos.Os restantes 30% virão de outras fontes, que poderão ser capital próprio da empresa e financiamentos em outras instituições, inclusive do exterior. Foi também para atrair esse tipo de capital que o governo promoveu roadshow este ano, na Europa e nos Estados Unidos.Para o ministro dos Transportes, César Borges, o financiamento às concessões segue como um negócio atraente, a despeito da perspectiva de elevação dos juros pelo governo norte-americano. No caso das rodovias, o custo do empréstimo será a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), atualmente em 5%, acrescida de até 1,5% ao ano, a depender da classificação de risco da empresa. "É uma taxa elevada perto do que eles conseguem lá fora, onde as taxas são perto de zero ou negativas."A decisão do governo paulista de não conceder reajustes das tarifas de pedágio, mesmo compensando a receita de outras formas, também não é um bom sinal, avaliou Tourinho. Mas não é nada que tenha levado as empresas a alterar seus planos.

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