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América Latina volta a atrair investidores

Por Agencia Estado
Atualização:

Após um longo período no qual foi congelada pelos investidores, a América Latina, e principalmente o Brasil, parece estar se deslocando para o centro do radar dos mercados externos. Demonstrando até uma certa surpresa, analistas europeus afirmam que ao longo dos últimos dias estão testemunhando uma mudança de sentimento em relação ao Brasil e isso vem se refletindo na valorização dos C-Bonds e outros papéis do País. Essa recuperação, segundo eles, somente não é mais expressiva pois a possibilidade de uma guerra no Iraque coloca um ponto de interrogação sobre o grau de aversão ao risco que predominará nos mercados durante o conflito e o seu impacto sobre a economia brasileira. "Está havendo uma mudança de sentimento em relação à América Latina, ancorada no Brasil", disse à Agência Estado o diretor do banco de investimentos português Finantia, Miguel Guiomar. Segundo eles, vários fatores sustentam essa tendência. "A mensagem positiva da nova equipe econômica é uma delas e além disso os números que vêm sendo anunciados, como o superávit primário de janeiro reforçam a confiança nos fundamentos." Guiomar também cita a determinação do governo em promover reformas como outro elemento positivo. "E também, muito importante, é que está havendo grandes desvios de fundos que antes eram destinados para os mercados acionários para os mercados emergentes. E entre os emergentes, o Brasil está se tornando uma das estrelas, pois oferece retornos mais elevados devido aos seus altos spreads." Segundo Guiomar, o fator que pode ter um "efeito travão" sobre essa onda positiva para o Brasil é uma eventual guerra no Golfo. "Se não fosse por essa ameaça de instabilidade internacional, poderíamos estar vendo uma recuperação muito maior dos ativos brasileiros." O diretor do Finantia acredita que esse clima mais favorável ao País poderá facilitar as emissões externas de bancos e algumas corporações brasileiras. "Os bancos já emitiram cerca de US$ 2 bilhões desde o início deste ano, embora com prazos ainda curtos, mas isso é um bom sinal", disse. "Sustentando-se essa tendências, as empresas brasileiras com faturamento em dólares também deverão começar a ter o seu acesso facilitado." A diretora para mercados emergentes do fundo de investimentos britânico Rothschild Asset Management, Ingrid Iversen, disse que ao longo dos últimos dias a procura por ativos brasileiros vem também se tornando "muito forte". "Finalmente estamos vendo uma mudança muito positiva em relação ao Brasil e outros países da região", disse Ingrid. Segundo ela, além da aprovação dos primeiros dois meses do novo governo brasileiro, os ativos do País vêm atraindo investidores que estavam concentrados na Rússia, leste europeu e outros emergentes. "Os yields dos papéis brasileiros são muito superiores ao de outros países e isso está atraindo o mercado", disse. "E há a percepção que a taxa de risco do País está hoje muito acima do que deveria estar, o que abre espaço para uma possível queda substancial nos próximos meses caso essa maré positiva continue." Ingrid, no entanto, menciona uma possível guerra no Iraque como uma ameaça à sustentabilidade dessa tendência positiva. "Um fator que tem que ser levado em conta é que os C-Bonds são os papéis de maior liquidez entre os emergentes", observou. "Por isso, caso os investidores decidam fugir dos ativos de maior risco, os C-Bonds serão os mais afetados." Comentários Um fato curioso, mas indicativo desse crescente interesse pelo Brasil, é que dentro de algumas instituições financeiras que até há pouco tempo evitavam tecer comentários públicos sobre os rumos da economia brasileira, analistas vêm disputando com colegas espaço para fazer comentários sobre o País.

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